sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Opinião: Performance pornoterrorista



Desde que xs artistas começaram a fazer performances e a alçá-la enquanto expressão artística que tensões envolvem o campo, propositalmente ou não. Nossas existências são por si só política e a performance sendo ao mesmo tempo subversiva e normativa cria fissuras nas normas sociais. No último sábado, durante a Marcha das Vadias RJ, ocorreu uma performance que mobilizou inúmeras pessoas (a maioria simples massa de manobra alienada pela reportagem das grandes mídias) em forma de comentários e agressões contra organizadorxs da Marcha. E como sempre, as opiniões se limitam ao posicionamento vil de “a favor” ou “contra”. Acredito que muitos mais do que ficarmos pensando em um pólo ou outro, deveríamos ver o analisador que é essa mobilização. Muitas comparações e comentários tem sido feitos sem a menor forma de análise. Fala-se muito em liberdade de expressão e respeito, mas esquecemos que assim como no caso dos manequins, as imagens quebradas não passam de gesso pintado e; nesse caminho esquecemos dxs manifestantes agredidxs verbalmente por “ditos” cristãos e a que levou um cuspe no rosto de um participante da JMJ; olhamos para plástico queimado e gesso quebrado e, esquecemos dos corpos mutilados diariamente por essa Instituição cristã, que ainda hoje, condena formas de amar, acoberta estupros, proíbe abortos e atua a nível Estatal minando conquistas de movimentos sociais. Não estou nem falando de história, porque se olhamos bem para ela é difícil acreditar que em pleno séc. XXI ainda tem pessoas que seguem uma religião que assassinou milhares em nome de um deus.

Não há como comparar a quebra das imagens com as invasões aos terreiros de religiões afro-brasileiras. Na performance, não houve violência, só a representação estética da mesma. As imagens quebradas foram compradas e pertenciam xs artistas; não houve invasão de nenhum templo ou depredação do mesmo por uma religião que se acha superior e há séculos oprime, persegue e tenta extinguir outras crenças, como é o caso dos ataques às religiões afro. Logo, se a imagem é minha, eu faço com ela o que bem entender (direito de propriedade, não?). E modéstia a parte, acho que foi a primeira vez que uma cruz foi usada para dar prazer e não causar mortes e sofrimento.

Sendo assim, desejo um devir-dildo à todas as cruzes. Afinal, e melhor uma cruz comendo um cu do que uma bíblia tapando-o, ou querendo ditar o que faço com meu útero.

Autora: Marvel Nessa.

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