Houve na Marcha das Vadias do dia
27/07/2013 uma performance de um coletivo que envolvia a quebra de estátuas de
gesso e de cruzes de madeira. A mídia de massa só deu destaque a essa
performance que durou alguns minutos em uma Marcha que durou SEIS HORAS.
Os setores conservadores da sociedade
caíram matando (na realidade, literalmente ameaçando matar) os performers e
as organizadoras da Marcha das Vadias.
Rolou vídeo no youtube e publicação no Facebook com
foto, nome, telefone e endereço de todo mundo. Os performers saíram do Rio de
Janeiro. As organizadoras da MdV recebem até hoje ameaças de estupro, de lesão
e de morte. A PMERJ investiga a quebra das imagens, diz que foi iconoclastia, o
Bolsonaro quer representar contra as Vadias. A grande mídia continua a só
querer falar da performance. As vidas humanas que estão sendo ameaçadas estão
passando em branco nos noticiários e no boca-a-boca de todo esse
conservadorismo.
Quando se fala de questionamento à
ideologia cristã numa sociedade como a nossa, os reaça "pira" - isso
já era esperado. O que eu não esperava é que a esquerda pirassse junto.
E eu gostaria muito de dialogar com
esses partidos políticos de Esquerda, os coletivos, os blogs e todos os demais
supostos companheiros, que têm se posicionando contra o ato, no sentido de
alertá-los para o quão pouco solidários estão sendo com quem está do nosso
lado.
Independente de apoiarem a
performance pornoterrorista do Coletivo Coiote, fato é que ao se pronunciarem
apenas em condenação estão se juntando a fundamentalistas religiosos e a todo o
discurso criminalizador dos movimentos sociais. Ao fazerem isso, gritam o mesmo
que a Direita conservadora, reacionária, racista, sexista, transfóbica,
homofóbica e concentradora de renda contra a qual tanto se levantam.
Os últimos eventos tiraram muitos
moralistas do armário, inclusive da porta esquerda. Isso serve para nos mostrar
o quanto a moral judaico-cristã da sociedade em que estamos inseridos é forte e
permeia nossos posicionamentos.
É neste momento que devemos olhar
para o nosso interior e confrontar a nós mesmos. Devemos mostrar que somos uma Esquerda
que se une e não uma esquerda que cinde quando em discordância. Não nos
enganemos, não existe neutralidade. É hora de colocarmos em prática o que tanto
falamos sobre NADA justificar a violência contra a mulher. Porque alguns estão mais
preocupadxs com a santa quebrada do que com as vidas de companheirxs ameaçadxs
ao se manifestarem contra o fundamentalismo religioso contra a violência às
mulheres, a favor do Estado laico.
É bastante claro: esta é uma relação
entre oprimidos e opressores – ao não prestarem solidariedade aos oprimidos
estão, fatalmente, apoiando opressão e sendo responsáveis pela violência
psicológica que está sendo perpetrada. Mantenhamos em mente que estátuas de
gesso não têm sentimentos, não perdem o sono e a paz, não sangram – mas seres
humanos, sim.
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