sábado, 21 de dezembro de 2013

Stonewall, pacifismo e o movimento GGGG

Mike Funk é um quadrinista de 20 e poucos anos dos Estados Unidos. Trans-homem, ele conta histórias que abordam as questões LGBT  e compartilha com seus leitores fatos pessoais íntimos. Seu traço é simples e expressivo, o que de certa maneira torna seu trabalho ainda mais intenso.
Ano passado Mike pesquisou várias fontes e desenhou uma história de 16 páginas reconstituindo os famosos tumultos que ocorreram no bar Stonewall em Nova York, ponto de início da luta LGBT por direitos iguais aos héteros. Se bem que, como você vai ver abaixo, a moral da história não é bem essa. Mike deu permissão ao LADO BI para traduzir sua obra e assim ajudar a  diminuir a injustiça que a versão oficial da revolta de Stonewall vem causando. Leia até o fim e descubra os verdadeiros heróis desse momento."

Eu tenho quatro comentários:
1) O movimento gay era um movimento de liberação. Com a epidemia de aids, muitos homens gays se contaminaram e morreram. Tornou-se impossível pra mídia não noticiar a existência desses caras. Mas como deixar ser divulgado que pessoas LGBT existiam? Como manter a farsa de que essa comunidade era mto reduzida, para que as pessoas gays e trans continuassem nos armários hetero e cis? Bom, a saída era higienizar essas pessoas. A mídia começa a veicular a imagem do homem cis branco, gay e rico. E esse homem cis branco, gay e rico é o mais próximo do super-humano, o homem cis, branco, hetero e de alta renda, o sujeito de direito em absoluto, mas ainda não tem direitos como o homem cis hetero. Então ele quer direitos. Ele não quer mais liberação, ele quer ser igual ao homemcisbrancohetero, ele quer ficar no topo da piramide de opressão, que é pra oprimir quem não é homem, quem não é cis e quem não é rico. Hoje o movimento se chama de LGBT, mas é nitidamente o movimento GGGG. Casamento igualitário? Bitch please! Isso só vai acontecer o dia que eu puder casar com quem e quantas pessoas eu quiser.
---> Pq o movimento GGGG conta a história de Stone Wall como sendo protagonizada por homens gays, quando ela foi protagonizada por mulheres e homens trans e por lésbicas caminhoneiras? Relação de poder. Foram as mulheres que iniciaram a Revolução Francesa, tb foram as mulheres que iniciaram a Revolução Russa. CADE ISSO NOS LIVROS DE HISTÓRIA? Poucos divulgam essas histórias - feitos marcantes são protagonizados por homens cisgêneros brancos nos nossos livros - a não ser que sejam revoltas ligadas a raça, daí aparece uma pessoa negra. HOMEM CIS.

2) ERA LEI EM NOVA YORK QUE CADA PESSOA TINHA QUE USAR PELO MENOS 3 PEÇAS DE ROUPA DO GÊNERO REFERENTE AO SEXO QUE LHE FOI ASSINALADO AO NASCIMENTO - pq?? Pq os esvaziados padrões de gênero precisam ser reiterados. E nós temos todas e todos que caber em caixinhas, que é para que o Mercado possa nos dizer quais os produtos que nós queremos e nos vender esses produtos por um preço que eles não valem, a custa de uma ansiedade que eles provocam (quem nao cabe naquelas roupas, quem tem formas corpóreas diferentes, quem prefere se vestir de outra maneira ou apenas nao pode pagar é que se vire). E daí qdo estivermos doentes por causa dessa imposição de padrões, esse mesmo Mercado nos acode vendendo remédios. Lindo.

3) Ativistas GAYS que lutavam pelos direitos (a turma do item 1) foram CONTRA stone wall pq criava bagunça e ~manchava~ a imagem dos gays. E vcs tão aí achando que viado e sapatão não podem se beijar em público e não podem se pegar na parada gay pq ~mancha~ a imagem das beeshas higienistas. E achando que mulher tem que ~se dar o respeito~ e falando mal das vadias. E cês acham ruim ação direta. E cês acham que qdo um maluco anarco bate numa mulher no meio da manifestação, a gte tem q ter calma e deixar rolar pq o inimigo maior é a PM - a mesma PM que  tb bate em mulher, em bicha, travesti, trans, viado e sapatão. SE LIGA, SEU MACHISTA - AMÉRICA LATINA VAI SER TODA FEMINISTA e isso não acontece só na base do diálogo por motivos de: numa sociedade machista o que as mulheres têm a falar não interessa o bastante para que interfiramos nos processos culturais. Não vamos mudar a sociedade só dialogando. Peitos de fora fazem diferença, SIM. Marcha das vadias faz diferença, SIM. Beijaço, Toplessaço, Peitaço, Parada gay fazem diferença, SIM.

4) Sendo assim, sem essa de achar que a história é contada de forma imparcial. A história é contada da forma que seja menos danosa pra quem tá no polo de dominação, pra quem tem o poder hegemônico.
----> Espalhar por aí que pessoas que não são cis, que mulheres, que pessoas negras e que pessoas pobres podem mudar o curso da história é APENAS PERIGOSO. E pq? Pq essa galera apanha todo dia e tá cansada de apanhar. Se todas e todos eles souberem que têm papel de mudança na história passada, esse pessoal tb vai achar que pode fazer no presente e vai querer mudar o futuro. 

We're queer and we're here, baby. DEAL WITH IT (Somos queer/esquisites/anormais e estamos aqui, queride. LIDE COM ISSO) - se tiver dificuldade em nos encarar, vire o rosto e procure um divã.


(o texto inicial e as imagens vêm do site Lado Bi)
















quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Já é natal

HORÁRIO ESPECIAL DE NATAL: LOJAS ABERTAS ATÉ A MEIA-NOITE



                 Em nome do espírito natalino (leia-se consumismo desenfreado de coisas que você não precisa por um preço que elas não vale e pelo qual , muito provavelmente, você não pode pagar) exploraremos a mão-de-obra e força vital de toda sorte de pessoas mal-remuneradas - vendedoras e vendedores de loja, seguranças, faxineiras e faxineiros - dos dias 06 a 23/12 até meia-noite, em favor do seu conforto e comodidade. Que é pra você não ter desculpa pra dar caso não compre um presente de natal que vai servir pra você demonstrar o valor simbólico do seu amor pelas pessoas - ainda que você não as ame, ainda que você não suporte conviver com elas, ou no caso das pessoas que você realmente ama, ainda que você demonstre esse afeto de diversas maneiras com frequência. E te dizemos isso com um sorriso no rosto. Branco.

                 No natal o que importa é que você gaste o dinheiro que não tem para provar algo que não sente - ou que até sente, mas que não se comprova com a aquisição de mercadorias.

                 Taí uma tradição que eu nunca tive, por ter tido uma criação religiosa não-católica e da qual eu nunca vou fazer questão.

Jingle bells, galera.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

"Casamento igualitário" te incomoda



Esse vídeo é lindo. Te deixa desconfortável? A mim sim.
O que me deixa desconfortável nesse vídeo é q é a linda história de homens cisgêneros brancos de alto poder aquisitivo numa sociedade neo-liberal. Aliás, é o que me deixa desconfortável na luta gay pelo direito de união. Não estão buscando casamento igualitário, estão buscando manter a hierarquia de respeitabilidade na sociedade (Gayle Rubin fala muito bem disso, leia aqui), mas saindo da "base" para o topo. O que devia ser perseguido é que o Estado não interferisse nas relações de afeto na sociedade (seja qual for o gênero das pessoas, seja qual for sua orientação sexual, não importa com quantas pessoas alguém se relaciona afetivamente). Pq enquanto mantivermos essa estrutura, sempre haverá pessoas menos respeitáveis perante o Estado, perante a sociedade e isso significa com menos acesso a segurança, com menos acesso a bens e possibilidades de emprego.
Se antes um empresário preferia contratar um homem heterossexual casado com filhos, ao invés de um homem gay não casado, agora o empresário pode escolher contratar um homem gay casado com filhos, ao invés de um homem gay nao casado (que de repente nao quer se casar nunca, mas isso é justificativa pra ele não ter acesso a algo que o outro tem? essa é exatamente a concepção de privilégio).

O que me deixa desconfortável, em suma, é que o movimento deixou de ser pela Liberação Gay e passou a ser pela ascensão dos gays ao topo de uma hierarquia que continua tendo base, que continua explorando e dominando uma boa parte da população. (lógico que não de todos os gays - os gays brancos e monogâmicos, de alto poder aquistivo,quem nao atende no mínimo esses requisitos nunca vai se mover nessa pirâmide escrota) [Sarah Schulman fala muito bem disso, leia aqui ou assista aqui]


Lulu já é vandalismo



Eu fiz um pacto cmg mesma de que eu não ia falar nada sobre o Lulu, que nao ia entrar em nenhuma discussão sobre o Lulu no facebook. Mas aí eu vi uma publicação de umas gurias defendendo os caras. E vi publicações de rapazes gays reclamando do Lulu.
E foi mais forte q eu :(

Meninas e rapazes que não são heterossexuais - o machismo é bonito, vocês querem defender os amiguinhos pq vcs querem fazer parte do grupo de dominantes na sociedade. Vcs não querem perceber que o Lulu é uma REAÇÃO ao machismo, pq vcs querem defender os rapazes cisgêneros heterossexuais hoje pra amanhã eles estarem ao lado de vcs. Eles não estarão. Vocês continuarão perdendo seus empregos e seus salários para eles. Pq interessa a eles manter a estrutura de poder na sociedade, que é o que garante a eles privilégios.

Quando a gente tava no colégio, quando a gte tinha apenas 12 anos já rolava listinha com tabelinha que tinha por linha nossos nomes e por colunas quesitos como peito, bunda, barriga, coxa, virgem, boquete, punheta, buceta, cu. E essas listinhas eram preenchidas pelos nossos "amiguinhos" e rodavam as escolas inteiras. Se vcs acham que o Lulu faz mal por fazer pela internet a avaliação de rapazes por hashtag, essas tabelinhas do colégio faziam ainda mais mal, porque era o colégio o nosso universo, era ali que a gente conhecia amiguinhos e amiguinhas, namoradinhos e namoradinhas. E nenhum grupo de rapazes fez um levante armado contra as tabelinhas.

Pq vcs meninas e rapazes não-heterossexuais estão fazendo esse levante contra o Lulu? Amanhã o Lulu sai do ar, mas amanhã vocês vao continuar sendo avaliadas - no colégio, na rua (ô delicia! te fazia todinha), no mercado, no bar, boteco, boate, hospital - aonde quer que vcs transitem, amanhã os homens cisgêneros heterossexuais vão continuar avaliando vocês publicamente.


O Lulu tem categorias de avaliação problemáticas? Até tem, mas sabe? O patriarcado não oprime homens cisgêneros. No final do dia os empregos mais bem remunerados são deles, o direito de fazer sexo com quantas pessoas eles quiserem sem ser xingados por isso é deles, o direito de andar na rua a noite e bebados sem ser estuprado é deles, o direito de dar opiniões e ser ouvido é deles.

Um grande balde de cis male tears pra eles se banharem.

*lágrimas de homens cisgêneros ou mimimi 

domingo, 22 de setembro de 2013

Fazendo Gênero 10 - críticas e sugestões



         Este texto foi lido por mim na Mesa Redonda "Trans-Lesbo-Homofobia e os Movimentos LGBT Transnacionais", que aconteceu dia 20/09/2013, último dia de Congresso, último horário de mesas em que se abriria a debates ao Público.

          Estavam na mesa: Felipe Bruno Martins (UFSC), Jules Falquet (Universidade Paris Diderot), Luma Nogueira de Andrade (10a Coordenadoria Regional de Desenvolvimento de Educação), Richard Miskolci (UFSCar) e Miriam Pillar Grossi (UFSC, Comissão Organizadora)

Trata-se de uma crítica a alguns aspectos do Congresso - seu formalismo, o academicismo e a reprodução de espaços de exclusão em um evento que contou com 5 mil pessoas inscritas, oriundas em sua maioria do Brasil, mas também da Argentina, Peru, Paris e outros países.

"          Bom dia, eu me chamo Heloisa Melino, sou advogada popular, faço Mestrado em Direitos Humanos, Sociedade & Arte na UFRJ, faço parte da construção da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro e do Coletivo BeijATO.

O que eu tenho a dizer dialoga com todas as pessoas da mesa, tanto palestrantes, quanto debatedor e coordenadora. Vou falar de Nacionalismos, de pessoas Trans*, de Ensino e de Espaços de Exclusão. Desde já peço desculpas e a paciência de todas e todos, tanto da mesa, quanto do auditório, pois vou levar um tempo um pouco maior do que o esperado, mas o que eu tenho a dizer precisa ser dito.

Notei neste congresso, [o Fazendo Gênero 10], a pouca representação de pessoas que não estão na Academia. Me dei o trabalho de contar e das 129 pessoas que palestraram nas Mesas Redondas, apenas seis delas não eram identificadas como vindo de Universidades e Escolas. Isso se reflete, inclusive, no público do evento – quantas dessas 5 mil pessoas que estamos inscritas não somos pesquisadoras e pesquisadores? Aonde estão xs ativistas e os movimentos sociais?

Sou adepta das Teorias Críticas da Escola de Frankfurt e acredito que precisamos pensar numa Academia que dialogue com a Prática, justamente para dar base teórica mais consistente às reivindicações. E também o contrário. Me questiono muito, para que servem Teorias que estejam deslocadas da prática, deslocadas dos clamores da sociedade civil – organizada ou não? É preciso que pensemos uma Academia que não seja uma Torre de Marfim, caso contrário, corremos o risco de criar teorias herméticas e espaços de exclusão.

Também me surpreendeu – e muito negativamente – a execução do hino nacional na cerimônia de abertura deste Congresso. As pessoas ficaram de pé, colocaram a mão no peito, cantaram e aplaudiram algo que representa ORDEM e PROGRESSO. Essa mesma ORDEM que aqui debatemos que PRECISA ser mudada. E isso em um momento em que, no Brasil inteiro, há reivindicações populares e pessoas apanhando nas ruas por lutarem pela concretização do “Dever Ser” da Lei e de nossos Códigos – que é justamente o que temos o privilégio de debater aqui, neste espaço seguro. E isso sem falar de como é que devem ter recebido a execução do hino nacional as pessoas de outros países, que aqui estão a convite. Gostaria muito de saber da Comissão de Organização qual foi o motivo para execução do hino.

Tudo isso me leva a perguntar, estamos nós transgredindo ou sendo funcionais à Ordem, à Norma e ao Cis-tema? Acho oportuno falar, inclusive, da pouca presença de pessoas Trans* no evento. Eu até vi nomes de registro publicados na programação dos Simpósios Temáticos. Felizmente as coordenadoras dos ST em que estive presente chamaram essas pessoas à apresentação pelo nome que se identificam.


Por que é que nós nos colocamos como produtores do saber e de conhecimento, quando o que fazemos é beber das fontes de ativistas e de sujeitos de pesquisa, os verdadeiros protagonistas daquilo sobre o que pesquisamos e escrevemos? Pessoas que também não estão entre nós neste Congresso!

Não quero dizer que por não termos determinadas vivências não tenhamos legitimidade para falar e pesquisar esses assuntos – TEMOS, PODEMOS e DEVEMOS. Eu mesma pesquiso sobre o Reconhecimento Social das Identidades de Pessoas Trans* e sou cisgênera. Mas congressos com este tema,[o feminismo] e desta magnitude não podem reproduzir Espaços de Exclusão. É preciso que tenhamos posturas políticas e éticas CLARAS – sempre pela VISIBILIDADE e nunca pela Exclusão.


Se me permitem, trago aqui duas sugestões: A primeira é de que, nas próximas edições do Fazendo Gênero, convidem também pessoas ativistas para as mesas e a segunda é de que reserve-se verba para trazer aquelas e aqueles sobre os quais escrevemos e debatemos, mas que não têm o privilégio que nós temos, de acesso ao Ensino, tanto ao Superior Especializado, quanto ao Básico e Fundamental.


Obrigada."

Interessante, inclusive, que o congresso teve na Conferência de Abertura a execução do hino nacional brasileiro e na de Encerramento uma palestra questionando fronteiras, nacionalismo e a própria concepção de família. 
A palestra de encerramento proferida por Sara Schulman, o título é "Amigos antes de Família, Sociedade antes de Governo" (a tradução do título é minha e livre, pois acho que mais adequada que a tradução oficial do NIGS). 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

De ovo de serpente nasce... SERPENTE.

De ovo de serpente nasce... SERPENTE.

Na Rússia há uma caça institucionalizada a homossexuais. A primeira notícia que ganhou proporções internacionais foi a de que as as paradas gays na Rússia estavam proibidaspelos próximos 100 anos em nome da defesa da moralidade
Até a Procuradoria Russa entrou na jogada e advertiu às organizadoras que não fosse realizada, pois não havia autorização oficial. A galera peitou e foi às ruas no dia programado.

Daí os deputados russos aprovaram a lei que pune propaganda homossexual e ofensa aos religiosos. Tanto os russos, quanto os estrangeiros (pessoas físicas) serão multados se fizerem apologia a "práticas sexuais não tradicionais". Os estrangeiros podem ser deportados do país. Quer dizer, se alguém na Rússia publicar na internet que tá apaixonadx por alguém do mesmo sexo, MULTA. Se for uma pessoa jurídica, pode até ser fechada.
Nesse mesmo pacote aprovaram outra lei, a que pune "atos públicos que expressam desrespeito à sociedade, com o objetivo de ofender os sentimentos religiosos dos crentes" - isso aí foi uma lei que veio em resposta ao protesto das Pussy Riot dentro de um templo ortodoxo russo (aliás, duas das moças continuam presas e a vida dos religiosos segue muito suavemente por lá, afinal religião não se ofende, se contesta - ofensa à ordem pública é jogar na cadeia três mulheres e as deixar apodrecendo lá, em nome de uma moralidade que aposto q nem esses religiosos mesmo têm) - elas foram presas acusadas de vandalismo.

Logo em seguida, a Câmara proíbe a adoção de crianças por estrangeiros homossexuais - os nacionais é claro que já não podem adotar. "A Rússia advertiu que antes de assinar acordos bilaterais de adoção com certos países, levaria em conta se estes aprovam o casamento entre pessoas do mesmo sexo".

(Até agora:
defesa da moralidade - confere
proibição de demonstração de afeto em público e na internet - confere
defesa das entidades religiosas - confere
defesa da família tradicional - confere)

Daí começou (ou se intensificou) a perseguição aos homossexuais pela população. Grupos neonazistas começam a caçar pessoas homossexuais em uma rede social russa e a expôr vídeos de torturas e espancamentos. Muitos jovens cometeram suicídio por causa disso, é o que aponta um relatório do grupo Spectrum Aliança de Direitos Humanos.

Em seguida, a Rússia volta a proibir a doação de sangue por pessoas gays (algo que já é proibido no Brasil) e o presidente Vladmir Putin passa a promover a cura de pessoas gays através da hipnose.

E agora, um deputado russo propõe uma lei para o açoitamento público de gays. Para ele, deve ser aprovada uma "lei que permita que os paraquedistas prendam os gays, levem-nos para as praças e que lá sejam chicoteados pelos cossacos".

Quem acha que na Rússia a situação chegou ao ponto em que estamos DO NADA só pode ser ingênuo (ou idiota). O discurso de ódio; as "piadas" sobre transexuais e homossexuais; a violência simbólica social, que traz a relação de dominados e dominantes; a liberdade de expressão religiosa contra as práticas homossexuais; a naturalização da dicotomia de gênero, com tudo que carrega, inclusive a heterossexualidade compulsória - isso tudo parece "inocente", mas é isso que, quando ignorado, leva a reais agressões físicas, morais e psicológicas, leva inclusive ao assassinato e a morte.

Vamos esperar que o discurso de ódio fique (ainda mais) institucionalizado no Brasil? Vocês, inocentes, os que não promovem o ódio, mas também não se metem e não o combatem porque "esta não é a sua luta" - vcs vão esperar que do ovo de serpente que estamos deixando chocar no Brasil saiam as serpentes institucionalizadas da violência manifestamente apoiada pelo Estado?
O que está acontecendo na Rússia não está tão longe da realidade do que acontece no Brasil. A diferença é que aqui AINDA não passaram determinadas leis no Congresso que são parecidíssimas com as que já foram aprovadas por lá.

Não nos calemos. A batalha é de todxs e cada um de nós. E nos juntemos a nossxs companheirxs russxs para lhes mostrar que NÃO ESTÃO SOZINHXS.

Dia 08 de Setembro as 16:00 faremos um BeijATO em frente ao Consulado Russo no Rio de Janeiro e daremos um duplo recado:
- NÃO TOLERAMOS QUE O ESTADO SE AMOTINE CONTRA NÓS
- ESTAMOS ATENTXS AO QUE ACONTECE NO MUNDO - VLADMIR PUTIN, XS COMPANHEIRXS RUSSXS NÃO ESTÃO SOZINHXS


À LUTA!!



Concentração as 14:00 concentração e oficina de cartazes no Jardim de Alah, seguiremos ao Consulado pela Av. Delfim Moreira.

Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/456614421116288/?fref=ts

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Não é vandalismo, isso é revolta



A você que acha que a quebradeira dos manifestantes é ilegítima e ato de vandalismo, algumas palavras:
Primeiro temos que diferenciar revolta de vandalismo. Quebrar com ideologia é revolta, sem ideologia é vandalismo.

Em segundo lugar, a maior reivindicação é pelo direito a voz. Vivemos uma sociedade aonde a voz política de uma pessoa tem ligação direta com as suas posses. A grande luta de classes dos nossos dias, como diz Zizek, é conscientizar a classe média de que ela é que é a grande representante popular, posto que é a maior parte da população. A classe média é explorada pela burguesia, detentora dos meios de produção e do capital, representada pelas grandes corporações. No entanto, costuma se abster de se posicionar politicamente contra a alteridade do mercado por possuir um relativo poder de consumo e acreditar que pode alçar vôos mais altos - nao pode e nao vai. Nesse sentido, a classe média deve abrir os olhos e os ouvidos e perceber que apenas ao se unir às camadas mais populares da sociedade é que podemos conquistar mudanças.

Em terceiro, o que vai direto ao ponto, é que essa voz política que vem sendo reivindicada nas ruas nos vem sendo negada. É ilusão achar que o Poder Público quer negociar conosco - nossas reivindicações estão expostas, são dadas. Queremos o fim das remoções forçadas; o fim das licitações e contratos públicos escusos e obscuros que financiam amigos do governador, do prefeito e outros políticos; queremos transparência das contas públicas, inclusive das obras da copa e dos contratos de concessão de transporte público; queremos a desmilitarização da polícia, que vem nos reprimindo brutalmente nos últimos 40 dias, mas que mata nas favelas há anos!

A falácia dos governantes de que querem um líder para negociar é conversa pra mídia e pra inglês ver. Se querem negociar, que comecem ouvindo os gritos das ruas. Nossos gritos, infelizmente, são abafados e quebrar patrimônio público, bancos e ferramentas das grandes corporações é a forma de nos fazer ouvir.

Se a galera tivesse a chave da ALERJ, ninguém tentava entrar a força, mas nao temos, nao é verdade?

Os manifestantes que quebram e incendeiam com ideologia nao estão justificando seus erros pelos erros dos outros simplesmente pq nao estão errando. Estão mostrando sua revolta e reivindicando seu direito a voz. Não há nada de errado nisso. Se o Estado ouvisse ao invés de reprimir, nada seria quebrado - tanto é que nos atos em que não há repressão policial não há quebradeira.

"E isso justifica a atitude?" - sim, justifica. A população é explorada e tem sido removida de suas casas de forma anti-democrática e sem que sejam chamados ao diálogo - não podemos nos iludir, não há espaço para conversa. A grande luta política do momento é pela VOZ - o povo reivindica que sua voz política seja ouvida no mesmo tom e com a mesma seriedade que a voz da elite hegemônica. O Governo não ouviu até hoje, a atitude é justificada para chamar a atenção dos governantes. A CULPA de todo o quebra-quebra é do Governo, que se recusa a tomar atitudes democráticas
"Uma agência não é o Banco" - o que é o banco, então? Uma pessoa jurídica virtual e sem representatividade física? As agências representam a empresa - é a representação do todo pelas partes. O alvo foi escolhido adequadamente.
"Mas prejudica os trabalhadores, a população" - já fui bancária e posso falar de dentro que o que prejudica os trabalhadores do banco é a política de exploração predatória da Corporação contra seus funcionários. Enquanto coadunarmos com a exploração e a dominação, os trabalhadores estarão sozinhos na luta. Temos que ter a consciencia de classe de entender que a opressão imposta ao outro também me será imposta.

A Luta de Classes da atualidade, como defende Slavoj Zizek, é a luta pela conscientização da classe média. A classe média precisa perceber que é a maior parte da população e é a parte da população que é explorada e não tem acesso aos bens de consumo que apenas uma pequena elite tem. Como nós da classe média temos acesso a ALGUMA parte dos bens de consumo, tendemos a ficar inertes a isso. Nós, classe média alta, principalmente. Mas precisamos perceber que estamos sendo explorados pela menor parcela da população, que é uma elite que não tem obstáculos nenhum ao consumo (e, portanto, à cidadania, pois vivemos hoje numa SOCIEDADE DE mercado, quando o que deveríamos era ter uma ECONOMIA de mercado - percebem a inversão dessa lógica?!)
"precisamos incentivar o consumo, a publicidade é um incentivo" - O consumo deve, antes de tudo, ser acessível a TODAS as camadas da população. Estamos sendo egoístas quando não percebemos que 1) somos poucos os que podemos consumir tudo que se anuncia; 2) classe média, como eu disse anteriormente, não goza de todo esse poder aquisitivo que anuncia não.

Faz parte da ideologia perversa capitalista incentivar o consumo e propagar que basta trabalhar para ter chance de alcançar aqueles bens. Isso é falácia! Não existe igualdade de oportunidades na sociedade e quem mais trabalha é quem menos consome.

As propagandas nos bombardeiam com estilos de vida e não apenas com produtos. Servem para criar o sentimento de inadequação naqueles que não conseguem consumir e alcançar aquele estilo de vida, o que é cruel, torturante e desumano. Repito: a SOCIEDADE deve ser HUMANA e pode ter uma ECONOMIA de MERCADO. Ao invés disso hoje vivemos numa SOCIEDADE DE MERCADO, em que se priorizam as corporações, o lucro e o faturamento de alguns poucos, em detrimento da saúde e cidadania de MUITOS.



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O machismo de Esquerda

Houve na Marcha das Vadias do dia 27/07/2013 uma performance de um coletivo que envolvia a quebra de estátuas de gesso e de cruzes de madeira. A mídia de massa só deu destaque a essa performance que durou alguns minutos em uma Marcha que durou SEIS HORAS.
Os setores conservadores da sociedade caíram matando (na realidade, literalmente ameaçando matar) os performers e as organizadoras da Marcha das Vadias.
Rolou vídeo no youtube e publicação no Facebook com foto, nome, telefone e endereço de todo mundo. Os performers saíram do Rio de Janeiro. As organizadoras da MdV recebem até hoje ameaças de estupro, de lesão e de morte. A PMERJ investiga a quebra das imagens, diz que foi iconoclastia, o Bolsonaro quer representar contra as Vadias. A grande mídia continua a só querer falar da performance. As vidas humanas que estão sendo ameaçadas estão passando em branco nos noticiários e no boca-a-boca de todo esse conservadorismo.
Quando se fala de questionamento à ideologia cristã numa sociedade como a nossa, os reaça "pira" - isso já era esperado. O que eu não esperava é que a esquerda pirassse junto.
E eu gostaria muito de dialogar com esses partidos políticos de Esquerda, os coletivos, os blogs e todos os demais supostos companheiros, que têm se posicionando contra o ato, no sentido de alertá-los para o quão pouco solidários estão sendo com quem está do nosso lado.
Independente de apoiarem a performance pornoterrorista do Coletivo Coiote, fato é que ao se pronunciarem apenas em condenação estão se juntando a fundamentalistas religiosos e a todo o discurso criminalizador dos movimentos sociais. Ao fazerem isso, gritam o mesmo que a Direita conservadora, reacionária, racista, sexista, transfóbica, homofóbica e concentradora de renda contra a qual tanto se levantam.
Os últimos eventos tiraram muitos moralistas do armário, inclusive da porta esquerda. Isso serve para nos mostrar o quanto a moral judaico-cristã da sociedade em que estamos inseridos é forte e permeia nossos posicionamentos.
É neste momento que devemos olhar para o nosso interior e confrontar a nós mesmos. Devemos mostrar que somos uma Esquerda que se une e não uma esquerda que cinde quando em discordância. Não nos enganemos, não existe neutralidade. É hora de colocarmos em prática o que tanto falamos sobre NADA justificar a violência contra a mulher. Porque alguns estão mais preocupadxs com a santa quebrada do que com as vidas de companheirxs ameaçadxs ao se manifestarem contra o fundamentalismo religioso contra a violência às mulheres, a favor do Estado laico.

É bastante claro: esta é uma relação entre oprimidos e opressores – ao não prestarem solidariedade aos oprimidos estão, fatalmente, apoiando opressão e sendo responsáveis pela violência psicológica que está sendo perpetrada. Mantenhamos em mente que estátuas de gesso não têm sentimentos, não perdem o sono e a paz, não sangram – mas seres humanos, sim.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O início de toda violência nos atos


Algo que tenho reparado é que a mídia de massa, alguns partidos políticos e o Governo sustentam que quem começa confusão são os "vândalos mascarados" - mas ninguem prova isso com imagens e vídeos. 
Por outro lado, toda hora temos vídeos COMPROVANDO que os agentes infiltrados da PM é que têm começado as confusões e provocado a "reação" das tropas de Choque da polícia. Pq "reação"? Pq pra reagir, tem q ter ação de força/direção contrária. Se é a própria PM que age, a própria PM não reage - simples.

Em tempos de tanta tecnologia audiovisual de relativamente fácil acesso e de facilidade de difusão de informação com as redes sociais, é inadmissível que aqueles primeiros não comprovem suas teses de "baderneiros". Se liguem aí pra não reproduzirem discursos que não encontram respaldos, se liguem aí pra não acabarem invertendo a polarização. 

Não culpem os manifestantes, seja quem forem, por estarmos criando confusão, caos e espalhando terror na cidade quando 1) nao há videos que provem que somos nós que começamos (e há videos que provam que sao eles); 2) quem tem agido de forma desproporcional e ilegal é a polícia - atribuir a responsabilidade aos manifestantes é culpar as vítimas pelos atos de seus agressores.

Vai aí mais um vídeo comprovando a ação de P2 (agentes policiais infiltrados). Reparem que em 01:04 o cara, a paisana, grita "SOU POLICIAL" e em 1:40 É ELE QUE SOLTA a que foi a primeira bomba de gás da noite.





domingo, 4 de agosto de 2013

A hora que o vento virou, procurei o PSTU e não achei

[Relato de Luiette, que militou por 19 anos no PSTU, tendo sido dirigente do partido a maior parte desses anos. É relato de quem tem estado NAS RUAS.] 

Fonte:https://www.facebook.com/luiette.producoes/posts/537207443012408

A HORA QUE O VENTO VIROU PROCUREI O PSTU E NÃO ACHEI.

Quando o facebook, via Anonymous, dá caráter de massa as manifestações, infelizmente não foi somente a burguesia que tomou uma calça arriada, os partidos de esquerda também.

Por que? 
Porque não conseguem intervir fora de espaços clássicos para atuação dos revolucionários. Uma pena! Trabalhadores e jovens com sede de mudança estão em vários espaços. 

Qual o problema de atuar no facebook? 
Acho muito interessante que tanto na Europa, como agora no Brasil, as manifestações foram articuladas via facebook. Isso significa atuar sem centralidade, onde as pessoas podem captar vários debates ao mesmo tempo e ir se encontrando dentro de cada um. Pra além é claro de facilitar a vida de todos na convocação dos eventos, na discussão de pautas, e inclusive para desmentir a mídia oficial.

Onde entra os revolucionários?
Entram no momento em que precisa dar organicidade, politizar a luta, preparar a pauta política, ajudar na palavra de ordem, na definição dos trajetos, construir espaços democráticos de discussão, espaços onde o que se aprova seja respeitado! Afinal os revolucionários não defendem a Democracia Operária? 

As massas vieram pra rua quando foram convencidas de que era hora de todos levantarem do sofá e fazer alguma coisa. Tá. E aí?

Cem mil na rua com todas as contradições. Mandando baixar bandeiras dos partidos ... errado!!! Errado porque é contra a democracia e é contra o direito de livre expressão. Mas representava contraditoriamente um rechaço aqueles que se utilizaram por anos das lutas da juventude e dos trabalhadores para elegerem seus candidatos.

Neste dia que entrou pra história, 17/06, cem mil na rua, ou seja, multidão literalmente, o PSTU parou em direção a Av. Churchil e depois da multidão toda passar, e do conflito acalmar, o PSTU se aproximou da ALERJ. 

Estava com adesivo do partido, mas naquele momento, fiquei em crise. Nunca pensei na minha vida que viria tal situação.

Mas até aí tudo bem. Foi uma massa muito puta com tudo e desconfiando de todos, inclusive dos partidos de esquerda. Mas ainda assim: o PCB avançou, PSOL avançou, por que o PSTU não??????????

Foram CEM MIL NA RUA!!
E o PSTU vacilou! Não entendo!
Mas depois foram .. tudo bem, fiquei mais tranquila e voltei a me localizar perto do partido. Partido este que dei a fase de ouro da minha vida, foram 19 anos acreditando que este partido poderia dirigir uma revolução.

Voltei pra casa SUPER EMPOLGADA.
Em 1 dos meus perfis no facebook destinei totalmente a luta e os outros, levemente compartilhava matérias. Temos cerca de 15 mil pessoas na nossa rede social. Rede constituída em cima de um trabalho técnico. No entanto, o vento virou e era necessário ser mais que uma produtora. Era necessário, como militante que fui, voltar as ruas, reaprender, ouvir, me localizar e ajudar a construir o maior evento do momento que era a luta de massas no Brasil.
Importante dizer que no meu perfil estão várias pessoas das 3 esferas de governo, esposas de políticos etc, mas que independente do meu trabalho, tinha o direito de defender a sociedade que quero pro meu filho.

Entramos no ascenso! Vamos então a luta!

Avaliando que a mobilização poderia potencializar uma crise de regime, de governabilidade, os governos recuam e reduzem as passagens.

Mais fortalecida estava a luta.

Ajudei e muito a convocar o dia 20, eu sabia e dizia que íamos ser mais de 1 milhão. Fomos mais de 1 milhão.

Felizes estávamos! Levei minha sobrinha e minha irmã que pela primeira vez participavam de 1 passeata mas meu coração dizia que não seria algo tranquilo.

Começamos a caminhar quando percebemos que o espaço aéreo foi fechado pela polícia. Não tinha imprensa oficial. De repente apagam as luzes da Presidente Vargas e jogam bombas dos helicópteros sobre nós. 

O que fazer? Sair correndo? Chorar? Oh minha passeata acabou!
Não! Era a hora e agora de RESISTIR! 
Quando não deu mais pra suportar tanta bomba, era hora de correr e se proteger. 

No meio da correria encontramos militantes do PSTU dizendo que foram atacados por fascistas. Era possível! Existia contradições!

Fomos então para o Souza Aguiar prestar solidariedade.
Vi de perto a polícia jogando bomba na frente do hospital e cercando os manifestantes. ERA TOQUE DE RECOLHER EM PLENO 2013. 

Voltei a rua e vi a polícia passando e jogando bombas dentro dos bares na Lapa. O governo, a polícia não queria mais ninguém nas ruas! Ficamos ilhados na Lapa, na casa de um amigo, e até 1 hora da manhã ouvíamos a polícia jogar bombas nas ruas. Várias pessoas se protegeram na FND e no IFCS, pois por ser território federal e a PM não podia entrar.

Fazemos o que com tudo isto?
Ficamos com medo? Voltamos pro sofá? Voltamos a pensar na eleição do DCE ou do sindicato? Em 2014? Ou vamos pra rua organizar a resistência, enfrentar nossos inimigos, lutar pelos nossos direitos, fazer reuniões, e mesmo sabendo que a massa poderia ter dúvida em voltar, nós não teríamos. 

Era a chegada a hora de discutir estratégias.

Quando abro o meu facebook no dia seguinte vejo militante do PSTU botando currículo de tempo de militância, que nunca dormiu, e que aqueles que acordaram tinham que respeitá-los. Bizzarroooooo!!!!!! Falta de diálogo e debate político TOTAL. 

Me localizei na discussão e fui fazer o debate contra o fascismo, em solidariedade ao PSTU, mas principalmente pela necessidade de organizarmos a luta e a resistência. Rumo a Assembléia Popular com mais de 3 mil pessoas na frente do IFCS, sentadas no chão e votando e dirigindo a mesa. 

Vi muitos dirigentes do PSTU e de todas as organizações usar as fotos da plenária/assembléia pra incentivar a luta. Pois é, o PSTU teve uma intervenção, que pra minha surpresa foi dedicada somente a luta contra o fascismo, não que não tivesse que fazer, tinha que ser feito, óbvio, mas não houve nenhuma discussão política mais de fundo do que representava tudo que estava acontecendo. Enfim, a plenária votou dia 27 com trajeto da Candelária a FETRANSPOR e dia 30 a tarde no final da Copa das Confederações. O PSTU já tinha sido atacado pelo fascismo, o fórum já tinha votado uma carta em solidariedade, mas em nenhum momento este partido foi honesto com a assembleia e disse que não iria até a FETRANSPOR, e que não iria a tarde dia 30. 

OK, seguimos o debate contra o fascismo, impusemos uma derrota fragorosa a eles qdo chamaram um ato na Candelária contra todos os partidos, e seguimos na convocação do dia 27.

Aí começa a pior experiência de todos que estavam na passeata, que beirava 70 mil pessoas. MULTIDÃO! Não era MIL PESSOAS! ERAM 70 MIL!

O PSTU e os sindicatos da CONLUTAS, bem como PCdoB, travaram os carros de som, e disseram que eles encerrariam o ato na Cinelândia.

COMO ASSIM?????? CADÊ A DEMOCRACIA OPERÁRIA??????????

A multidão atropelou o carro de som e seguiu. Fomos a FETRANSPOR e depois voltamos pra Cinelêndia. Não houve enfrentamento nenhum com a polícia!!!!!! NÃO HOUVE!!!!!

Pq não foram?????? Qual explicação??? Por que reter carro de som como o PCdoB, que cansou de fazer isso com o movimento?????

PIOR ESTAVA POR VIR:
PSTU solta uma nota dizendo que realizou um ato quando acabou a manifestação. Como assim? A passeata não havia terminado!! O trajeto foi votado por mais de 3 mil pessoas!! Assembléia de MASSA!!! Passeata de MASSA! E eles escolheram fazer um ato de fechamento da passeata de vanguarda, deixando o ato sem carro de som e sem fechamento politico com intervenções etc. 
CONLUTAS solta uma nota dizendo que a passeata se dividiu e depois encontrou o ato da CONLUTAS na Cinelândia. Não é verdade!!!!
Quando chegamos na Cinelândia não tinha ninguém da CONLUTAS. Fechamos o ato de mega fone, e todos estavam tão felizes que não queriam nem ir embora.

Chega o dia 30. 
Todos os partidos vão no ato pela manhã chamado pelo comitê popular da Copa, ok. Mas quando fomos chegando pro ato a tarde o comentário era: o PSTU fez uma plenária e decidiu que não viria a tarde!!!!! BIZZARRO!!!!!!

Se o PSTU não reclamasse, como agora, de quem dirige a luta ou que pode se construir com uma possível vitória, ok, vão pra casa e pegam os informes no facebook ou na Globo. Mas não é isso!! Pra além deles ficarem o tempo todo se diferenciando das outras organizações, eles como partido que se propõe a ser, NÃO PODERIA VOTAR NUNCA QUE NÃO ACATARIA A DECISÃO DA ASSEMBLÉIA E NÃO IRIA MAIS NO ATO, e deixaria o ato por conta de quem quisesse dirigir.

Final da Copa das Confederações, vitória na redução das passagens, o MPL SP sai dar ruas, mas enganaram-se os que pensaram que a luta iria parar. 

Depois de tudo faltava política!!! Faltava política pra continuidade da luta!!!

Não tinha mais mídia internacional, era hora de botar pra fora o movimento Ocupa Cabral, até então ocupados na casa do Sérgio Cabral.

Mais de 700 jovens basicamente da zona sul voltam as ruas em defesa dos ocupantes, contra a repressão absurda do dia 20, e travam uma guerra contra polícia. Sozinhos eles estavam!!! Por que o PSTU não estava lá??????? Deixaram as ruas, para quem quisesse dela participar!!!!
Deixaram!!!! Sinto MUITOOOOO!! Sinto de verdade!!!!!!

Qual é pô!!! Não vão aos atos, descumprem votações, e ainda querem subir no pedestal e dar lição de moral nas pessoas!!!!! Não dá!!! 

O processo toma novo fôlego, mas agora com uma pauta principal: FORA CABRAL!!!

O movimento agenda um ato no Leblon pelo FORA CABRAL.
Todos lá, tudo bem ... PSTU conseguiu até ajudar na agitação. Juro, fiquei feliz, fiquei até com eles na passeata. A Rocinha e o Vidigal descem, e a passeata é tomada de um sentimento de coragem. Impressionante como o desaparecimento do Amarildo, e a morte dos 10 trabalhadores na Maré, por operação da mesma polícia que jogou bomba do helicóptero e que botou o choque a força nacional para nos atacar dia 20, viram bandeira de luta no Rio, no Brasil e no mundo inteiro!

O ato passa na Globo que é a apedrejada. Fiquei assustada, mas depois vi tanto apoio entre pessoas comuns, que acho que eu mesma não entendi a situação. 

Antes que o ato voltasse pro Leblon o partido foi embora.

A passeata seguiu e qdo voltou pro Sérgio Cabral foi violentamente reprimida. O Sérgio Cabral queria ganhar apoio dos moradores do Leblon que estavam fazendo abaixo assinado pra que ele saísse de lá. Tudo foi estratégico. Desceu o cacete com bombas etc e depois bateram em retirada, provocando uma revolta generalizada de todos que estavam lá. Foi um ABSURDO TOTAL. Todos ficamos naquela resistência ao passo que odiando mais ainda tudo que aconteceu. Um setor parte para os bancos e outro setor parte pra Toulon. No dia seguinte a Globo fazia a festa e jogava a opinião publica contra a gente. 

Fomos todossssssssssssssss pro debate na internet, nas ruas, e ganhamos a opinião pública pro debate Toulon X Amarildo!!! Eu faço uma avaliação que vencemos.

A partir desse dia, vi que não estávamos sozinhos mesmo.

Papa no Rio, a CONLUTAS chama concentração no Largo do Machado e qdo a passeata começa pro Palácio o PSTU vai embora!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Perguntei uma dirigente do PSTU se eles iriam pra passeata e ela me disse que como não tinham vistos os Black Blocs eles iriam. Não tinha os Blacks qdo eles resolveram não ir. Vi a hora que os Black Blocs chegaram!!!!

Mais uma vez saíram em bloco e deixaram os demais a revelia da repressão. repito, se o PSTU não fizesse balanço de ninguém por estar nas ruas desse ou daquele jeito ok, mas não é o caso!!! São OS DONOS DA VERDADE! DONOS DA REVOLUÇÃO!!! OS MELHORES LUTADORES! OS MAIS COERENTES! OS MAIS INTELIGENTES! OS QUE TEM O MELHOR PROGRAMA!!!!! OS QUE CONHECEM MAIS A HISTÓRIA E TÊM A CERTEZA QUE ELA IRÁ SE REPETIR!!!!!

Pode ir embora e depois ficar fazendo acusações????????????????
Como sabiam o que tinha acontecido se não estavam lá??????

Li um texto do PSTU falando que os Black Blocs jogam molotovs!!!!!!
Falam igual a Globo!!! Igual o Sergio Cabral e cia!!!!!

12 lutadores presos entre eles NINJAS!!! A galera se reorganiza e volta pro Largo organizando uma passeata em direção a delegacia.

ADVOGADOS DAS RUAS!!! Diga-se de passagem, DE LUTA!!!!
Também têm discussão política, táticas e estratégia, pois tb participei de reunião com eles. Tiraram todos da prisão na mesma noite, mas ainda sim ficou o Bruno.

Nós não somente provamos que não foi o movimento, que não foi o Bruno, como mostramos os culpados. E só conseguimos fazer isso porque hoje o movimento tem apoio da população que mora em torno o palácio, porque temos mídias livres e independentes, porque o NINJA que se reúne, discute política, conjuntura, que respeita as narrativas independentes, e atua de forma descentralizada, seguindo o fluxo, e que tem estratégia, NÃO SAIU DAS RUAS!!!!!!!! Porque jovens resolveram SER NINJASSSSSSSSSSSSS e mostrar a VERDADE!!!!!!!!!

Pois é, a luta ganha moral, e apoio da sociedade.

Sérgio Cabral não satisfeito coloca na pauta um decreto ditatorial. Um verdadeiro ataque!! Que vamos lutar como? Com que armas? Se a policia não sai da rua e ataca todas as manifestações??? Ficaremos em casa até a polícia deixar novamente a gente manifestar???????

Abre então uma crise na burguesia! E a luta contra o Cabral vai pra SP e POA.
Globo desmoralizada e desmentida vai a esquerda e bate no Cabral, a igreja através do papa dá declarações importantes, a polícia é desmoralizada por ver que um policial queimou outro policial, o pau come entre eles.

Enquanto isso o OCUPA CABRAL recebe comida, bebida, dinheiro da população do Leblon. Incrível! Menos de 3 horas vi umas 4 pessoas chegando com doação. Eu mesma fui procurada por um senhor entregando uma nota de 100 CEM REAIS!!! CEM REAIS!! pra ocupação!!!! Eles me disseram que aquele senhor sempre vai lá!!! Adolescentes que não estavam na manifestação levando comida. Pizzaria mandando entregar pizzas!!! E o povo ainda acha que a população tá contra???? Os carros todos que passavam buzinavam, pessoas gritavam pelas janelas!!! Façam aquilo que eu não consigo fazer!!! Resistam!!!!

Estive na plenária de terça feira (30/7), do Fórum de Lutas do Rio, onde o PSTU votou pelo ato do dia de ontem, com concentração 17:30 na Rocinha. No entanto os militantes, em torno de 7 pessoas da juventude, que foram direto pro Leblon, foram embora do ato antes que a Rocinha chegasse para passeata. Conversei com uma menina do partido e ela me disse que iam embora por conta da presença da polícia, e que a esposa do Amarildo não ia descer pois no ato tinham Black Blocs. Desculpa, mas a presença da polícia não é nenhuma novidade, revista das mochilas tb não é novidade, e quanto o fato da esposa do Amarildo não descer, não é verdade. Consultei os camaradas do Forum de Lutas que estavam na Rocinha com ela, e os mesmos disseram que ela fez uma linda intervenção orientando que a Rocinha fosse pro Leblon. Não cabe a nós aqui expor estratégia de segurança dela. A passeata foi linda, com muitas atividades de mística, teve o apoio da população, dos carros passando, e não houve nenhum confronto com a polícia. Não entendo esse medo instalado hoje na militância do partido. Me lembro bem das capas das agendas revolucionárias, inclusive arremessando molotovs. O partido está sendo questionado por essas ações em todas as plenárias, por votar atos e não comparecer ou sair antes que comece ... Durante a manifestação militantes do partido que votaram pelo ato no Leblon estavam na internet debatendo data de reunião. Fiquei chocada!!!! Como posso acreditar nestes pequenos burgueses?????

Não ia fazer este texto, pelo menos não pensava que ia ser necessário, mas o ataque aqueles que surgiram nas passeatas, como os Black Blocs, por um vazio de direção para repressão, e perfilam 15 a 20 pessoas, que não tem programa, que não querem construir partido, mas querem fazer que nem eu, meus amigos, o Ninja, os Advogados, os socorristas, NÃO FUJIR A LUTA, serem acusados pelo simples fato de o governo ser derrotado em 3 propostas e que provavelmente a juventude irá ficar feliz e procurará os anarquistas pra se organizar, foi um erro histórico!!!!!!

Meu desabafo vem no sentido de não reconhecer mais, as ações, do partido que ajudei a construir, até porque as vitórias que estamos tendo no Rio são frutos de todos atos que estamos fazendo,As vitórias que estamos tendo não são dos partidos, são sim, dos lutadores que estão nas ruas, abrindo mão de uma série de coisas, por uma causa que é todos.

Cuidado!!! Já li textos deles dizendo que a vitória vem daquela greve geral chapa branca de 11 de julho de que erradamente me convenci. Como um dia de luta foi lindo, mas como uma greve nunca! Nem a juventude do PSTU fez nada pela manhã no Rio de Janeiro. Na última plenária me convenceram que iam fazer ações, até votei a favor do 30 de agosto, vou estar porque estou em todos os atos.

Mas AS VITÓRIAS não serão do dia 11 e do dia 30! Serão de todos os dias!!!

Sem guerrilhas, por uma luta de massas nas ruas, sem medo, sem terrorismo, pela construção fraterna de um caminho pra nossa luta, sem ataques aos que estão lutando, e pela entrada em cena da classe operária, para que como sujeito social estabeleça a correlação de forças que precisamos para alcançarmos a vitória!