quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Que tipo de amor você quer?

Sobre pessoas oprimidas que também podem ser opressoras, sobre a necessidade de combate aos privilégios na sociedade e de auto-questionamento. Eu fiz esse post num grupo de discussões do qual participo. Um grupo de pessoas LGBT em que está havendo uma onda de reclamação por conta do que quem reclama chama de "politização do grupo" - o que é, na verdade, o combate às opressões.
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Vamos falar de política e de gêneros, de feminismos, de combate às opressões. Abertamente.
A grande maioria de nós vem de famílias conservadoras, cis-heteronormativas, aonde o machismo é perpetuado, reforçado e atualizado. Não bastasse isso, quando somos inseridxs na escola, desde a creche, maternal, essa escola também é conservadora e também reforça todas essas normas em que a cisgeneridade é compulsória (cisnormatividade) e a heterossexualidade é presumida (heteronormatividade) e lá também aprendemos a atualizar o machismo, o racismo, o preconceito de classe, de origem, de corpos não-normativos.
Não pensem que isso é ser DESpolitizado. Não é. É ser politicamente alinhado à supremacia branca, à hegemonia cishetero e à dominação masculina.
Todas essas ideologias vêm sendo produzidas, reforçadas e atualizadas há séculos e com muito derramamento de sangue - vide as bruxas queimadas na inquisição, os povos assassinados pelas cruzadas, a escravização dos povos do continente africano, os brutais assassinatos de pessoas trans e de pessoas não-heterossexuais. Mas essas são as formas fáceis de apontar a dominação dessa ideologia dominante. A dominação também vem no discurso de ~humor~, também vem na mídia, nas propagandas, nos outdoores em que sempre vemos: pessoas felizes brancas, cis, heterossexuais, magras e sem deficiência física.
Isso que aprendemos em casa, nas escolas, na universidade, no dia a dia brincando no play, na televisão, nas revistas, nos jornais, na novela, no "sexo e as nêga": isso TUDO é POLÍTICA de dominação e normatividade.
- Quem domina? Homens, cisgêneros (nasceu com pênis, foi assinalado ao nascimento como homem e se identifica como homem), brancos, heterossexuais, ocidentais, cristãos e detentores de propriedade.
- Quem é dominadx? Quem deixa de ter qualquer uma das características acima.
Tendo isso em mente, um homem cisgênero branco gay (que é a maioria das pessoas que está reclamando da politização dos debates) é alvo de dominação por não ser heterossexual, mas é potencial dominador/explorador/opressor a todas as pessoas que são negras, às mulheres, às pessoas trans, às pessoas que não são de cultura com marco ocidental, etc.
Nosso histórico fala por nós. Por sermos fruto dessa sociedade, todxs reproduzimos machismo, racismo, transfobia, homofobia. E para nós não estarmos do lado dominador das equações, o combate a essas opressões tem que ser diário. E não tô falando de parar o policial na rua quando ele tiver abordando um negro e meter o dedo na cara dele (apesar de achar que isso tb é nosso papel), to falando de combater diariamente os preconceitos que alimentamos dentro de nós mesmxs. É um exercício de auto-questionamento, auto-avaliação e atualização de si.
Como fazer isso, já que a sociedade escrotamente nos moldou? Ouvindo as mulheres falando sobre machismo, ouvindo as pessoas trans falando sobre transfobia, ouvindo as pessoas negras falando sobre racismo. Pode ser lendo blogs escritos por essas pessoas sobre esses assuntos, pode ser lendo livros de autoras negras, por ex, sobre feminismo negro, pode ser participando de rodas de conversa, mesas de debate e pode até ser PERGUNTANDO e pedindo explicação pelo facebook a pessoas que a gente veja que já tenham alguma inserção nesses debates. E uma pergunta não é uma acusação de grosseria, uma pergunta não é uma cobrança de explicação/convencimento, uma pergunta não pode ser uma pedra atirada que espera uma resposta em pétalas de rosas. Uma pergunta deve ser educada, deve ser gentil e deve se contentar com a(s) resposta(s) que a(s) pessoa(s) que vivencia aquilo sobre o que perguntamos fala. Quando vc pergunta algo e responde "Não me convenceu", vc está exigindo que a pessoa traga mais argumentos e está sendo arrogante porque está pressupondo que aquela pessoa QUER te convencer. Quando não quer. A pessoa tá te fazendo a gentileza de responder uma pergunta. Não se deu por convencidx? Peça a indicação de um blog, de um vídeo, de um artigo, peça a indicação de aonde vc pode ir para participar de uma roda de conversa sobre o tema.
Rodas de conversa, mesas de debate, palestras, seminários são a minha preferência de formação. Ultimamente eu ando muito afetada pelo racismo que vejo nos movimentos de esquerda - e até mesmo nos feminismos - e por isso tenho procurado me aproximar do debate que fazem as mulheres negras e as feministas negras. Como eu faço essa aproximação? Bem, eu conheço algumas mulheres negras feministas e pedi/peço a elas sempre que me indiquem autoras ou pergunto se têm artigos a me recomendar. Fico atenta às rodas de conversa - semana passada mesmo eu estive no Cine-Clube do Coletivo de Mulheres da UFRJ que o tema foi mulheres lésbicas e negras e ontem (dia 26) eu estive na roda de conversa sobre feminismo negro no Brasil, construída pelo Coletivo Olga Benário. E quando eu estou nesses espaços, eu sou atenta ao que ouço, eu coloco minhas dúvidas e, ao final, eu me aproximo das pessoas de cuja fala eu gostei e peço mais referências.
Dá trabalho? Claro que dá. Ontem, por exemplo, choveu e foi uó chegar na PV. Mas eu não quero ser mais uma mulher feminista branca racista, eu quero estar efetivamente ao lado das mulheres que estão ao meu lado na luta contra uma sociedade de desigualdades, eu quero desconstruir meu próprio racismo, eu quero combater o racismo na sociedade, porque entendo que TEMOS QUE SER TRATADAS DE FORMA IGUAL pelo simples fato de sermos todas humanas.
E é assim que uma pessoa que quer uma sociedade melhor para si age: buscando entender porque a sociedade não é boa para as pessoas a volta dela e buscando uma sociedade melhor para todas e todos. Queremos amor? Sim, queremos amor. Somos amorosxs. Queremos zuera? Sim, queremos zuera. Somos zuerxs. Mas eu não quero uma zoeira que seja ok pra mim, mas que massacre minhas companheiras negras ou que esculache meus companheiros viados afeminados, eu não quero uma zoeira e nem um amor que para acontecer precise reforçar práticas que há séculos vêm derramando sangue. Pq não falar de um assunto é deixar que ele se perpetue e eu não quero que haja perpetuação de racismo, de machismo, de transfobia, de preconceito de classe e de imperialismo.
E você, que tipo de amor você quer?
PS: O post é gigante. Quem leu, desculpe, cês me conhecem, eu falo demais. É tão gigante que nem eu quis revisar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Salve a polícia militar e os homens de bem!

Chego ao Centro Cultural da Justiça Federal e me deparo com a cena de 10 crianças negras sentadas no chão tomando dura da polícia. Paro ao lado, escuto e converso com os policiais para saber o que está havendo, qual o fato típico.
- Você viu a reportagem da Globo? A polícia tá instruída a remover todos os menores andando sozinhos no centro pra abrigo.
- Todos?
- Todos.
- Vamos dar uma volta na Cinelândia, então, pra ver quantos menores têm andando sozinhos?
- Não são toooodos. Só os que tão desacompanhados e andando em bando.
- Hmm os negros que estiverem em grupo.
- Negro, branco, qq cor. A senhora tá vendo só negr.. - Ele mesmo se interrompe quando olha pro grupo de crianças.
- To vendo só negro sim. É só pobre. Vc acha coincidência?
- A senhora viu a reportagem da Globo?
- Meu senhor, além de cidadã interessada eu to te perguntando pq sou advogada. E não assisto a Globo, mas conheço a lei. A polícia só pode agir de acordo com a Lei. E a presunção legal é de inocência. E a liberdade é de circulação.
- Não, mas no Centro eles não podem andar não.
- Vc tá me dizendo que crianças negras e pobres que andam em grupo não têm acesso à cidade delas? Não têm direito à cidade? Oficial, isso não está em nenhuma legislação. Se o senhor flagrou algum delito, conduz quem cometeu à DP, mas tem a obrigação de soltar as demais crianças.
- A senhora fala então, com o responsável da operação, que eu só to obedecendo ordens.
Fui e o responsável pela operação, Capitão Ricardo Vidal, do 5ºBPM me ignorou e só avisou que as crianças seriam levadas pra DPCA.
Durante esse diálogo todo, uma multidão de cidadãos "de bem" atrás de mim xingava. A mim. Não à polícia. Que eu só tava ali pq não tinha sido assaltada. Que se eu tava com pena, levasse pra casa. Que tinha espaço no camburão e que eu fosse junto.
Irada, me voltei a eles (homens, todos) e falei que eles não tinham nada a ver com isso, que eu faço o que quiser e ajo como quiser e foda-se o que eles pensam. E saí.
Um cara mais inflamado veio na minha direção me interpelar, um segundo veio me segurar pelo braço. Eu me voltei e mandei me soltar e tirei o braço. Já tava na escada do CCJF e ele veio atrás de mim pra me segurar e continuar me afrontando com violência. Eu mandei ele me largar aos gritos e ele continuou vindo na minha direção até que o segurança do CCJF se colocou entre a gente. O cara? Ficou do lado de fora gritando que eu era piranha e que queria ver eu ser corajosa de mandar ele à merda do lado de fora !- rua.
Um salve aos cidadãos de bem. Um salve à Polícia Militar inconstitucional do Brasil.

**Original em: https://www.facebook.com/heloisamelino/posts/10203068480863455?pnref=story

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Achismos sobre as eleições

Talvez seja cedo pra trazer uma análise como essa - que, aliás, nem é uma análise, é um achismo. Não acredito que a Dilma e o PT vão reconhecer a demanda que as mulheres (cis e trans) e as pessoas LGBT há tanto vêm reivindicando: o direito a autonomia sobre o próprio corpo; mas algo que acho que se pode tirar de positivo desse período eleitoral que passamos foi a representatividade feminina.
Eu sei que eu vivo numa bolha composta por pessoas minimamente críticas - essa bolha foi formada de maneira deliberada e voluntária -, mas o tempo todo o que eu vi foi a opinião pública sendo disputada por mulheres. As pessoas mais à esquerda pensavam Dilma ou Luciana Genro; as pessoas menos à esquerda, Dilma ou Marina. As pessoas mais à direita, ficaram entre Dilma e Aécio
ou Dilma e Marina.
Em nenhum momento a disputa de opiniões que eu testemunhei deixou de incluir uma mulher. E acho que isso traz outra visão às mulheres do país inteiro, acho que muitas mulheres viram-se ali minimamente representadas e talvez essa representação possa servir pra aumentar sua (nossa!) auto-estima enquanto grupo político. Talvez seja inocência minha, eu posso estar falando isso pq meus privilégios me cegaram a outras questões, posso estar falando isso também com a ingenuidade de quem busca ganhos (ainda que mínimos) em qualquer disputa.
Eu chego até a pensar que a presença da Marina e da Luciana Genro (principalmente desta) possa ter servido pra dar mais força à Dilma num segundo mandato.
Torço para que as apontadas de dedo da Luciana na cara do Danilo Gentili, na cara do Aécio e na cara da própria Rede Globo de Corrupção possam ter servido para que mulheres que nunca tinham pensado que podiam colocar o dedo na cara de poderosos passem a fazer isso.
Pode ser só meu jeito Poliana de enxergar essas últimas eleições.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Não existe racismo no Brasil

[Não existe racismo no Brasil]
Estava eu, linda, loira e japonesa, voltando de uma aula fantástica daJaqueline Gomes de Jesus sobre racismo no Brasil e de um jantar phynno de um subway requi(e)ntado com as divas Glaucia Tavares eLorena Braga, quando pego o busão na Lapa direção Copacabana. Ao virar na Glória, uma blitz. O policial faz sinal pra parar. Estranho, nunca estive em nenhum onibus que parou. Quem será que a polícia considerou sujeito suspeito? Quando vi que havia um rapaz negro (jura q vc já nao sabia?), cabelos com dread. Olhei pra fora, o policial que mandou parar olhava fixamente pro cara.
Entrou um policial pela frente do bus, dois pela porta de trás. O da frente colou o olho no rapaz negro e ordenou "Revista obrigatória, todo mundo com as mãos no banco da frente, por favor, pra colaborar". Nem um pio no ônibus. "Ali, revista a daquele ali que reclamou". O policial que entrou por trás, burro, nao entendeu e perguntou quem. "O de dread". Os dois policiais se dirigiram a ele.
Imediatamente me levantei e fui na direção do rapaz, q tava acompanhado por duas amigas a quem eu identifiquei brancas. Oficiais, boa noite. E me dirigi pro rapaz. Senhor, boa noite, eu sou advogada e ofereço a representação, a título gratuito, para acompanhar a revista, se o senhor desejar. "Eu quero." respondeu o rapaz assustado.
Uma moça, ao fundo do onibus, a quem identifiquei negra questionou a ação. "Engraçado. Ninguém reclamou. Pq vcs foram justo nele?" uma outra apoiou o protesto. As amigas do rapaz também protestaram. Vendo que alguma coisa se passava, o comandante da operação entra pela porta de trás: "Algum problema aí?"; ao que o policial, que já fazia a revista responde "Eu vim revistar o rapaz e essa moça se alterou e veio dizer que era advogada e ia acompanhar". Essa moça não, doutora. E eu vim oferecer meus serviços de representação, ele aceitou. O comandante virou-se pro rapaz
C: Você tá sendo alvo de alguma agressao? - O rapaz respondeu:
R: Constrangedor, né... Tô aqui de boas e o cara vem só me revistar?
C: Mas ele te tratou de alguma forma errada? A revista tá dentro da lei.
R: O policial ali da frente que mandou ele revistar o negão de dread.
Nisso, um homem cisgênero branco aparentemente heterossexual (sempre eles, ne? omis)
O: Eiei! Ele nao te chamou de negão, não! Falou que vc era o de dread. Negão, nao.
Eu virei pro omi: E quem foi que perguntou alguma coisa ou convidou você a falar?
O: Ué, vc tá aí falando, toda toda.
- Eu estou aqui na qualidade de advogada, to trabalhando.
O: Eu sou advogado também. (exaltado, claro)
- Advogado o que?! Advogado de quem? Do Estado? E vc lá tem procuração pra representar o Estado? Eu acabei de receber a procuração aqui desse senhor.
O comandante da operação mandou revistar as amigas, o policial foi com as mãos dele abrir as bolsas dela. O comandante veio revistar minha bolsa e ME pediu pra abrir a mochila, bolsa e eu mesma mostrar o que tinha. Não tendo encontrado nada, foram todos embora e o ônibus seguiu. O omi ficou lá achando que tinha dado lição de moral na polícia. É, grande lição a sua, de silenciar um negro que tá falando que foi alvo de racismo, ô! De boa, nem fala comigo não.
O rapaz negro e suas duas amigas brancas, que conversavam animadxs antes da intervenção racista policial, passaram o restante do trajeto em silêncio.
E a Jaqueline dizia que mais de 50% da população de pessoas negras já passou por uma dura da polícia ("baculejo", como dizem em Brasília). O "negão do dread" entrou pra estatística. Não existe racismo no Brasil?

original em: https://www.facebook.com/heloisamelino/posts/10202926678638488 

sábado, 13 de setembro de 2014

AGRESSÕES A MULHERES SÃO ROTINA NA UFRJ - Faculdade Nacional de Direito

O grupo Universidades Feministas é composto por mulheres (cis e trans*) feministas da UFRJ, UERJ, UNIRIO e outras universidades, membros do corpo discente e do corpo docente. Unidas no esforço de reduzir até sua eliminação o sexismo, o racismo, a transfobia, a lesbofobia, bifobia, homofobia, o preconceito de classe e as outras formas de opressão, estamos atentas ao que ocorre nos diferentes espaços universitários para denunciar e combater essas práticas, que visam hierarquizar o conhecimento e segregar pessoas trans*, pessoas negras, mulheres cisgêneras, pessoas com práticas sexuais que não sejam hetero-direcionadas e pessoas com baixa renda.

Denunciamos o machismo estrutural nas universidades, que pode ser notado pela ausência de mulheres nos ambientes da cúpula administrativa universitária. Denunciamos o comportamento dos docentes homens que JAMAIS são reprimidos em suas investidas e que se sentem à vontade para mandar uma colega docente se calar pelo fato de ser mulher.

Denunciamos a tentativa de exclusão de mulheres dos espaços universitários pela conduta permissiva adotada pelos dirigentes e pelos Centros Acadêmicos, que não fiscalizam e não coíbem os trotes que humilham mulheres; as músicas de jogos inter-universitários que nos objetificam e usam nossos corpos, nossa sexualidade como motivo de envergonhamento.

Denunciamos a falta de ação dos Centros Acadêmicos que não atuam ativamente de forma institucional nos grupos de Facebook de seus cursos no sentido de constranger as declarações machistas, racistas, homo-lesbo-bi-transfóbicas. Estamos fartas de abrir as páginas desses grupos para troca de informações acadêmicas e políticas e nos deparar com fotos e publicações misóginas, como a que segue anexo a esta carta.




Mulheres da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ (FND), a maior faculdade de Direito do Brasil, são frequentemente submetidas a deboches e agressões machistas, tanto nos espaços virtuais da FND, quanto nas festas e encontros promovidos pelas instituições da Universidade (Centro Acadêmico e Associação Atlética Acadêmica, em especial) e essas instituições se mostram coniventes com essas práticas quando silenciam e permitem que elas aconteçam.

Não podemos nos esquecer de que os Centros Acadêmicos agem livremente com o silêncio cúmplice da direção de unidades, especialmente na Faculdade Nacional de Direito, onde a gestão Pelo Direito Sempre vem manchando a memória de luta do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO), cuja história se destaca por ter sido uma instituição acadêmica combativa e que não se curvava à ideologia hegemônica silenciadora do livre pensamento.

Nossos corpos, nossas regras. Somos livres para viver como queremos e para desfrutar de nossos corpos e nossa sexualidade como desejamos e com quem desejamos - não há vergonha em nenhuma prática sexual e o consentimento é imperativo.

A reprodução da ideologia sexista mantém as desigualdades sociais, mantém a exclusão da mulher dos espaços institucionais e de poder, rebaixa nossos salários e o valor de nossas vidas, já que essa desvalorização estrutural da mulher naturaliza a violência que passamos, tanto simbólica quanto fática. A cada 12 segundos, uma mulher é estuprada no Brasil, que é o 7º país em número de feminicídio (assassinato de mulheres em razão de nosso gênero).

Machismo não é coisa de nossas cabeças, machismo não é brincadeira: o silenciamento de nossas vozes, a redução do valor de nossas vidas, a violência que sofremos, as mortes e estupros dos quais somos alvo definitivamente NÃO são engraçados.

Repudiamos toda e qualquer prática discriminatória e estamos atentas ao que ocorre nas universidades.

MACHISTAS NÃO PASSARÃO!!

Assinam esta carta:
- Grupo Universidades Feministas
Degenera - Núcleo de Pesquisa e Desconstrução de Gêneros - UERJ
- GAEG - Grupo Acadêmico de Estudos de Gênero/UERJ
- MUN - Movimento Universidade Necessária - UERJ
Projeto Diversidade Sexual na Escola - UFRJ
- Grupo de Pesquisa Reconhecimento e Distribuição: Formas de combate aos estereótipos de gênero - UFRJ
- FemmeRI/UFRJ
- Centro Acadêmico de História - CAHIS UERJ
Direito de Resistência - FND/UFRJ
Diversitas UFF
Coletivo de Mulheres Unirio
DALB - Diretório Acadêmico Lima Barreto UERJ
Vamos Virar a Engenharia do Avesso UFRJ - CAEng/UFRJ
Nós Não Vamos Pagar Nada - UFRJ
RUA - Juventude Anticapitalista
Coletivo de Mulheres da UFRJ
Coletivo Puc-Rio

domingo, 24 de agosto de 2014

Denúncia de agressão machista na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ


Meu post foi denunciado e removido pelo facebook o que me levou a ficar 24 horas bloqueada e impossibilitada de publicar/curtir/comentar qualquer coisa na rede social. Na imagem abaixo pode-se ver a que nível chega um machista pra esconder as besteiras que faz. Pensei se deveria publicar novamente o relato, por conta do excessivo estresse que isso está me causando. Estou sendo escrachada em duas publicações do grupo ABERTO E PÚBLICO da UFRJ - Faculdade Nacional de Direito. Mais de 350 curtidas de pessoas se comportando de forma machista, reacionária, homofóbica e transfóbica. Os comentários são chocantes. Separei alguns que pessoas amigas e aliadas me enviaram para colocar aqui. Cheguei a conclusão de que deveria, SIM!, republicar o relato, pois a minha voz enquanto mulher, enquanto feminista, enquanto ativista e acadêmica não pode ser abafada. 

Pedido feito no grupo da FND

Ter sido derrubada e estar sendo alvo de escracho público são fatos que falam por si sobre a necessidade de levar as pautas do feminismo interseccional para dentro dos muros das universidades.

A questão que segue é um exemplo do que se passa na FND, mas não é a única. Esses comportamentos são reiterados e vêm de todos os lados, tanto entre alunos, quanto entre professores, inclusive no tratamento de professores com professoras e com o corpo administrativo e de apoio.

A situação é grave e publicizo novamente para que se torne notório o que se passa naquela universidade - e estou certa que em muitas outras pelo Brasil a fora.
Se clicarem no link, vai abrir a postagem do blog, aonde se pode ver: nome de agressores machistas da situação narrada, bem com fotos das conversas que comprovam TODAS as alegações. É uma publicação longa, pois vem acompanhadas de provas.
Rol de provas:
- Publicação de bundas de mulheres no grupo da FND;
- Ofensa pessoal do autor do tópico das bundas de mulheres a uma aluna da FND;
- Protestos de mulheres e homens pela exclusão do tópico;
- Diálogos entre o Tomaz e o autor do tópico antes de bani-lo
- Exposição do Tomaz pela manutenção do tópico de bundas de mulheres
- Minhas publicações-protesto e a do Bassi
- Linchamento moral promovido pelo Tomaz no grupo da FND, ao qual tive apenas acesso por compartilhamento de pessoas amigas, já que fui banida do grupo e não posso visualizar o que se passa ali.



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 Fui banida do grupo da UFRJ - Faculdade Nacional de Direito. Um grupo aberto e público, com mais de 5.000 (cinco mil) membros.
Fui banida porque fiz publicações de objetificação de corpos de homens. Por que eu fiz essas fotos? Senta que lá vem história.

Fui aluna da graduação da FND e atualmente sou aluna do mestrado de Direitos Humanos, Socieidade e Arte, bem como pesquisadora do Laboratório de Direitos Humanos da UFRJ. Abertamente não-heterossexual e ativista feminista, sempre fiz publicações naquele grupo para fomentar o debate sobre gêneros, sexualidades, linguagem, identidades e Direitos Humanos, sob a luz da Teoria Crítica dos Direitos Humanos. Meu ativismo naquele grupo também sempre foi de combater o machismo, o racismo, a lesbofobia, bifobia, transfobia e homofobia em várias publicações. Por diversas vezes usei horas do meu tempo debatendo com alunos e alunas de qualquer gênero e orientação sexual. Como mestranda, tenho obrigação de cumprir estágio docência e o fiz em duas disciplinas (Direito e Sociedade, com a professora Cecilia Caballero e Direitos Humanos com a professora Vanessa Batista Berner, que também é minha orientadora). Em ambas as turmas, meus debates foram sobre gêneros e sexualidades. O tema da minha dissertação de mestrado é o papel do Estado no reconhecimento social das pessoas transgêneras e abordo gênero pela Teoria Queer.

Sou também ativista feminista e construo alguns movimentos sociais no Rio de Janeiro. Minha vida pessoal é política, ao meu ver, o sexo é político.

Desde que entrei no mestrado, como falei, venho debatendo com as pessoas do grupo da FND sobre feminismo. E SEMPRE fui alvo de chacota, de xingamentos pessoais, que iam de ~feminazi~ a ~sapatão~. Fui perseguida por alunos e fui perseguida pelo Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO), gestão Pelo Direito Sempre - pois até dentro do grupo de facebook dessa instituição fui alvo de ofensas pessoais. Nunca conseguiram me desanimar da luta, ao contrário, usei dessas perseguições para procurar mais gás e procurar apoio em movimentos feministas, aonde sempre consegui muito boas trocas. Dentro da UFRJ tenho apoio de alunas, alunos, professoras e de membros do DCE UFRJ Mário Prata, assim como de coletivos como o Nós Não Vamos Pagar Nada - UFRJ. Fora da UFRJ, o apoio vem de diversas pessoas que são feministas e pró-feminismo, de coletivas e coletivos.

Apesar de ter sido alvo de ofensas pessoais reiteradas por diversas vezes, durante meses o único moderador do grupo, Tomaz Moreira nunca tomou atitude alguma. Apenas recentemente, cerca de 7 a 10 dias atrás é que um aluno que me perseguia em toda e cada uma das minhas publicações destilando misoginia, machismo e transfobia (sim, eu sou a "Heloisa dOs travestis" e me orgulho disso), apenas AGORA é que esse indivíduo foi banido do grupo. Nesses meses em que ele me perseguiu, muitas pessoas reclamaram ao moderador, o moderador só o que fez foi contatá-lo e pedir encarecidamente que ele me deixasse em paz. Não tendo deixado, 17 meses de assédio depois, ele foi banido do grupo. O rapaz banido nao foi o único que me perseguiu nesses 17 meses, os outros ainda estão lá.

No dia 20 de agosto, as 02:15 da madrugada, me deparei com uma publicação de bundas de mulheres no grupo da FND. A publicação era intitulada "Rio de Janeiro - RJ. Foto de uma intervenção muuuuito foda" e continha 6 mulheres de costas, de bunda de fora, biquini fio-dental-imaginário. A publicação teve 120 curtidas e mais de 300 comentários e estava no ar desde segunda-feira, dia 18/08, 20:54.

 Nessa publicação, o moderador colocou a seguinte mensagem "Frank, todos já riram. Pode apagar a postagem?" pedido ignorado pelo autor do post, que justificou que gostava muito da foto. O moderador ocultava a foto, que aparecia a cada comentário na time line de todas as pessoas do grupo.


Uma aluna da FND comentou que aquele grupo "testa minha capacidade de sentir vergonha alheia.... sério, que troço machista e tosco". Ao comentar isso, essa aluna foi mencionada pelo autor do post "GOSTEI DE VOCÊ. DEPOIS A GENTE PODIA FAZER UMA FOTO SUA DESSAS AÍ"




Ao ver aquilo, meu sentimento não poderia ser de revolta maior. Comentei na publicação em protesto e exigindo a retirada (outras mulheres homens já haviam feito o mesmo). Fui recebida com deboche, como meus reclames frequentemente são no grupo e respondi: "Se em 24horas esse post não for apagado, isso aqui vai virar guerra". (esse "ultimato foi dado no dia 20/08 as 02:25 da manhã).



Nesse mesmo dia a tarde, o moderador do grupo por diversas vezes e publicamente pediu ao autor que (1) pedisse desculpas à aluna, pois é regra do grupo que nao haja ofensas pessoais (esta é a unica regra expressa do grupo) e (2) que removesse. O autor mantinha a recusa. O moderador mandou-lhe mensagem particular (inbox) reiterando o pedido. Ao obter a recusa e APENAS APÓS OBTER A RECUSA PELA ENÉSIMA VEZ, o moderador baniu o autor do post - mas MANTEVE A PUBLICAÇÃO. Disse que era por motivo de registro, mas todos nós já tinhamos o print-screen, por que é que o moderador nao fazia o mesmo? Esse post só foi apagado depois das 9:30 da manhã do dia 21/08, ou seja, ficou no ar por 2 dias + 12 horas (60 horas no total).






Como eu havia dito que o grupo viraria guerra, exausta de argumentações longas e infrutíferas, contatei grupos feministas de facebook e lancei a primeira publicação: uma foto de um jogador de futebol apenas de cueca, meias e segurando a bola (de futebol)

 Essa publicação foi feita por volta das 09:30 da manhã do dia 21/08. Já era esperado e se seguiu: um número enorme de homens reclamando da foto, bem como algumas mulheres. O moderador viu imediatamente a foto e me acusou de imaturidade, ao que eu respondi com um meme que diz: maturidade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome.

Várias mulheres e homens curtiram a publicação e entenderam o espírito do protesto. Claro, uma quantidade menor do que as pessoas que se incomodaram, afinal estamos falando de um grupo com uma grande quantidade de pessoas machistas e reacionárias.

Por volta de 12:00 publiquei mais uma foto de homem de cueca.


Como o espírito das publicações era protestar contra a objetificação da mulher, mostrando para aqueles homens o que é estar em nosso lugar, sempre que havia reclamações e tentativas de argumentação, eu não os ouvia e não argumentava, mas respondia com memes de deboche - exatamente como eles fazem com as mulheres que tentam argumentar com eles: silenciando e escarnecendo. Esses foram os memes que usei em  comentários:




 Por volta das 19:20, meu amigo 'Thiago Bassi' entrou na onda e publicou uma única foto: 5 homens em pé na praia, bunda de fora, estilo cartão postal e dizia "Pra quem vem de outros estados estudar na FND, segue um cartão postal de Copacabana e suas belezas". Todos homens dessa foto eram brancos, uma aluna perguntou sobre negros e eu logo em seguida publiquei mais uma foto de um homem negro de costas, bunda de fora (estamos aqui para atender pedidos, serviço eficiente é outra coisa ryzos).



Às 20:04 do mesmo dia (21/08), eu e Thiago fomos SUMARIAMENTE banidos. Sem aviso, sem conversa, sem complacência, sem condescendência, sem "pode parar, pfvr". Nenhuma palavra do moderador para nos dar direito a ampla defesa e contraditório (que é o que ele diz que preza na administração do grupo - vale ressaltar que essa administração é feita exclusivamente por ele).

Minhas 3 publicações foram apagadas.
- O Tomaz alega nudez, como estão acima, pode-se ver que são homens de sunga e de cueca, o único com bunda desnuda é o último, então por que os 3 foram apagados?
- O Tomaz alega flood (publicações excessivas e seguidas uma da outra). Uma publicação foi as 09:30 da manhã, a segunda 12:00 e a terceira as 19:30 - foram 3 publicações intervaladas. Pode-se falar em flood?

Minha primeira foto não ficou sequer 12 horas, as outras ficaram menos tempo ainda. A foto publicada pelo Thiago não completou 60 minutos. A diferença entre as nossas fotos e a foto de bunda inicialmente publicada? Na minha e na do Thiago a objetificação era de homens.

Como demonstrado com os prints anteriores, pode-se notar a diferença de tratamento com a publicação das bundas de mulheres e as minhas e do Thiago. Além do tempo excessivamente maior em que ficou no ar a primeira, Tomaz ainda tentou mantê-la "para fins de documentação, porque um membro foi banido", no entanto duas pessoas tinham sido banidas supostamente pelas 4 publicações (3 minhas + 1 do Bassi) e as nossas não eram importantes nem "para fins de documentação"?
Não só isso, mas a grotesca diferença de tratamento dado ao Frank Affonseca, a mim  e ao Thiago. Pode-se ver que houve tentativa de diálogo pela publicação, pedidos clementes e até troca de mensagem particular entre Tomaz e Frank. Comigo? Só um "SDDS MATURIDADE" quando fiz a primeira publicação as 09:30 da manhã. Com o Thiago? Nem uma única palavra foi trocada.


Não bastasse isso, Tomaz promoveu um linchamento moral a mim no grupo da Faculdade, quando pela primeira vez publicizou o banimento meu e do Thiago, através de publicação autônoma - essa publicação recebeu 350 curtidas. Evidente que o moderador, que é membro atuante da atual gestão do Centro Acadêmico, cujas eleições se aproximam, buscou tornar pública sua decisão para agradar seu eleitorado. Que eleitorado é esse? O mesmo a quem as publicações feministas incomodam. ~Coincidência~?





 Eu e Thiago fazíamos aqueles atos em PROTESTO à má administração daquele grupo que obriga a mim e às demais alunas e professoras daquela universidade a lidar com o machismo ROTINEIRO daquele grupo. Os membros do CACO sempre viram essas publicações e até mesmo quando mulheres do CACO se pronunciavam contra elas, não recebiam apoio de seus companheiros de gestão. Já fui parte do Coletivo de Mulheres da UFRJ e, enquanto estava lá, cansei de buscar diálogo e convencer da necessidade daquela instituição, que pretende representar as alunas e os alunos da FND atuar ativamente em casos como os elencados, deixando seu posicionamento claro contra as opressões. Essa atuação é fundamental para que os alunos da Faculdade entendam que opressões ali não será tolerada - seja em espaços virtuais ou físicos.

 Com um Centro Acadêmico omisso, que em tempos de eleição diz que tem Diretório de Mulheres para o combate ao machismo, mas que não atua para manter a Faculdade segura - há agressões a mulheres nos Jogos Jurídicos, nas festas e no grupo de facebook; com professores que destilam machismo em sala de aula; com alunos que cantam músicas machistas em jogos, em festas, que forçam a barra para ficar com mulheres nas festas, não respeitando o NÃO, que nos marcam em publicações e falam que somos bonitas/feias/gostosas/vamosfazerfotosjuntos: não era de se admirar que uma das mulheres que combate essas condutas à exaustão fosse expulsa.

Mas não sou a única. Assim como eu combato, outras mulheres e homens também. Assim como eu sou perseguida, outras mulheres também são. Assim como eu fui banida, outras pessoas que desafiem àquela ordem também serão. Só que não adianta, pois NÃO NOS CALARÃO.

NOSSAS VOZES JAMAIS SERÃO SILENCIADAS!!
MACHISTAS NÃO PASSARÃO!!!



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Esse não foi o primeiro episódio em que houve esse tipo de embate com pessoas da gestão Pelo Direito Sempre do CACO. Também publiquei neste blog o relato dos acontecimentos da I TRANSemana da UFRJ, que se deu em Setembro/2013 e que envolveu mais de 11 pessoas da gestão e ataques diretos a mim, além de um forte cis-sexismo. Por ~coincidência~ o maior opositor naquela história também foi o Tomaz Moreira, como documentado.

E foi depois desse embate que as ofensas machistas, e homo-lesbo-bi-transfóbicas do grupo se intensificaram. Link: http://masissojaehvandalismo.blogspot.com.br/2014/08/caco-e-i-transemana-da-ufrj-setembro.html
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===Nota de edição em 04/09/2014====
Está sendo questionada a não menção nesta publicação da primeira foto que foi publicada no grupo da FND e que teria sido o que impulsionou a publicação feita por Frank Affonseca. A publicação a que fazem referência foi de compartilhamento da performance Macaquinhos, que encontra-se no Museu de Teresina, Piauí.
As fotos podem ser vistas em: http://comoclube.org/home/macaquinhos/dsc_0592/

Eu sequer sabia q essa publicação existia. E quando soube, não me pareceu relevante. Não se rebate o compartilhamento de uma foto de uma performance artística de pessoas nuas (homens e mulheres) com uma foto objetificadora de um grupo político que é considerado menos humano na sociedade. Essa estratégia de argumentação é em busca de mostrar uma simetria que não existe socialmente. Ainda que a foto primeira fosse de homens de bunda de fora, nao seria socialmente o mesmo que colocar uma mulher de bunda de fora. E nao foi o caso. Foi compartilhamento de performance artística X foto playboy. Como falar em simetria de forma honesta? Impossível.

O Tomaz Moreira, administrador do grupo da FND está se arvorando de ter anunciado que era regra do grupo o banimento de fotos de pessoas nuas. Já foi demonstrado o tratamento assimétrico dado às publicações e pessoas que publicaram, segue print-screen das Regras da Comunidade, tirado na ocasião das fotos. Como pode se notar, não há menção de expulsão sumária para publicação de foto com nudez. Note-se também que o administrador é diretor do CACO e o primeiro "Link importante" é a agenda do CACO. Ou seja, é um grupo administrado pelo CACO e é uma questão dos diretores da gestão essa adminsitração - se o Tomaz não os representa, que resolvam entre eles.



Vamos falar de debates honestos?

CACO e a I TRANSemana da UFRJ (setembro 2013)

Por que a Realização da TRANSemana ficou apenas LADIH e não mais Minerva Queer?
Em 17/04/2013 houve reunião da Minerva Queer, em que estavam presentes Heloisa, Vanessa, Ismael, Valquimar, Tomaz Moreira, Halison Bruno, Thyago Tavares, Thiago Sete e Amanda Azevedo. Ali foi tirada a realização da I TRANSemana da UFRJ para utilização de verba arrendada com edital da SuperEst, a que tinham acesso e do que tinham conhecimento Halison Bruno, Tomaz Moreira e Thiago Sete.
Decidimos que a data seria 15, 16 e 17/05 e nos dividimos em Comissões para facilitar a comunicação e agilizar os trabalhos. Na Comissão Científica ficamos eu (Heloisa), Vanessa (Marvel) e Ismael.  Na Comissão de Comunicação, Halison, Thiago e Amanda, até pq eram os dois rapazes que sabiam os detalhes do tal edital da SuperEst.
Aproximando-se a data marcada, a Comissão de Comunicação não se manifestava sobre ter feito sua parte do trabalho. Nós, da Comissão Científica estávamos agilizando nossa parte e fazendo contatos, tínhamos boa parte dxs palestrantes convidadxs.
Foi preciso alterar a data do evento. Alteramos para Junho e a cada alteração, eu mandava email, inbox para xs palestrantes pedindo desculpas e anunciando nova data.
Ainda assim não houve mobilização da Comissão de Comunicação. A Comissão Científica acabou por se desarticular também, pois estávamos sem saber o que fazer.
Tentei por diversas vezes mobilizar as pessoas da Minerva Queer, levando sugestões, perguntando como andavam as comissões e não obtive respostas. Tudo isso pode ser visto em grupo que criamos no Facebook para a comissão de organização.
 Por considerar que os temas  debatidos no evento são de suma importância e precisam de visibilização, tratei de buscar alternativas para que a realização da TRANSemana se concretizasse.
Em julho/2013 contatei a Vanessa Batista, minha orientadora de mestrado, professora da FND e coordenadora do Laboratório de Direitos Humanos (LADIH/UFRJ) e falei da importância do evento, da falta de mobilização das pessoas da Minerva Queer e perguntei se ela teria interesse e disponibilidade em coordenar a realização da TRANSemana. Ela aceitou de pronto e fez várias sugestões de nomes para mesas, me colocando como Coordenadora Executiva através do LADIH e sugerindo que os contatos fossem institucionais.
Marquei a data (pela terceira vez) para os dias 11 a 13 de setembro. Tornei a contatar as pessoas a quem já tinha convidado e passei a contatar outras pessoas para compôr as mesas, que agora seriam 5 e não apenas 4. Além disso, realizaríamos um Cine Queer e um Cine Curie (temática feminista, seria realizado pelo Coletivo de Mulheres da UFRJ).

Dia 26/08 houve convocação para uma reunião, que seria a última a ser realizada antes da TRANSemana:

Como pode ser visto, quando ela perguntou sobre reunião, eu ainda tentava chamar as pessoas da Minerva Queer a construir coletivamente a TRANSemana.  Essa reunião foi puxada no grupo do facebook com uma semana de antecedência (dia 26/08),  mas para a qual apenas comparecemos eu e a Amanda Azevedo.

 Nessa última reunião, dia 02/09/2013, a Amanda fez o apontamento de que a Minerva Queer não deveria estar na TRANSemana como Realizadora. Porque não era justo. A única pessoa da Minerva Queer que estava engajada na produção era eu, a Minerva Queer não estava construindo nada coletivamente – as ideologias ali apresentadas eram ideologias que não tinham sido construídas/elaboradas/promovidas pelos membros da Minerva Queer coletivamente. Isso significava, inclusive, que se a TRANSemana fosse ruim, a única pessoa da MQ que poderia ser “culpada” disso era eu e não o coletivo inteiro.

O CACO e a festa de encerramento da I TRANSemana da UFRJ

Na primeira reunião em que surgiu a TRANSemana, ainda com a Minerva Queer, dia 17/04,  resolvemos que pediríamos ao Centro Acadêmico Cândido de Oliveira da Faculdade Nacional de Direito (CACO), Gestão Pelo Direito Sempre, para realizar a festa de encerramento da TRANSemana. Resolvemos isso pq o CACO faz frequentemente festas em frente a FND e já teria todo o know how para isso. Seria um apoio importante, pois nós não tínhamos esse conhecimento e nos sobrecarregaria essa realização. As festas promovidas pelo CACO se chamam “Órfãos do Manel”, pois havia o “Bar do Manel” em frente a FND e esse bar perdeu a licença para venda de bebidas e mudou de endereço, entao a festa era uma espécie de homenagem ao tempo em que se saía da faculdade direto para o bar. Cada edição do “Órfãos do Manel” leva um nome. Pediríamos que fosse um nome associado a temática do evento. Ao dialogar com o CACO a esse respeito, toparam de prontidão realizar a festa. Me encaminharam para conversar com o Rodrigo Baccarat, um dos dirigentes do CACO.

Já tendo esse contato sido estabelecido e havendo disposição para a realização, dia 07 de Agosto retornei ao CACO, na pessoa do Rodrigo, um dos dirigentes e relatei que a I TRANSemana da UFRJ aconteceria de 11 a 13 de setembro e perguntei se ainda poderiam realizar a festa de encerramento. Confirmaram que sim. Me coloquei a disposição para ajudar na construção.
7 de agosto de 2013 12:35
Oi, Rodrigo! Então, finalmente tá confirmada a data da I TRANSemana da UFRJ. Vai ser de 11 a 13 de setembro, a temática vai ser questoes juridicas envolvendo pessoas lgbt e feminismo. Na última mesa vamos falar de feminismos quotidianos e uma das palestrantes tem contato com um grupo de funk feminista. Queria aproveitar esse contato pra fazer um Órfãos do Manel dia 13 que tenha esse grupo e depois siga uma linha parecida.. pode ir pelo pop, pelo funk, nao sei.. a gte pode pensar melhor juntos. Vc acha que rola de fazer edição do Órfãos dia 13/09 pra ser a festa de encerramento do evento? beijos!
claro, não vejo problema nenhum
dps do recesso, a gnt senta e fecha algumas ideias pra dar uma tematica diferente pra esse orfaos
12:38
demorô!

Voltando do recesso da Faculdade, procurei novamente o Rodrigo. Ele me disse que ele e a Julia Helena, também dirigente do CACO, haviam decidido que cada um seria responsável pela realização de uma edição da festa. Ele faria a de volta as aulas, e ela faria a da TRANSemana.
Passei, entao, a procurar a Julia pela faculdade e a contatá-la por inbox e whatsapp.  Mas sempre a resposta era “tá tranquilo”
Dia 04/09, faltando menos de 10 dias para a festa, que seria dia 13/09 ainda não havíamos conseguido conversar para estabelecer nada. Então mandei um inbox dizendo mais ou menos o que era indispensável para a festa:
4 de setembro de 2013 18:21
oi, Julia, td bem? Seguinte, queria t fazer dois pedidos sobre a festa de encerramento da TRANSemana: 1) Divulgar como Órfxs do Manel
2) Pedir a quem for ser DJ para não colocar funks cantados por homem que falem sobre sexo, por conta do teor machista (principalmente do Catra) Acabei de mandar mensagem pro PaguFunk (um grupo de funkeiras feministas que vai ser atração da festa) pra ver do q elas precisam em termos de material, assim q me responderem falo com vc.
Há algo em q eu possa ajudar para a realização?
Beijo
6 de setembro de 2013 19:33
Certo. Uma duvida, a musica, como um.orfaos normal??
A mensagem veio incompleta "1) divulgar" parou ai
1) Divulgar como Órfxs do Manel 2) Pedir a quem for ser DJ para não colocar funks cantados por homem que falem sobre sexo, por conta do teor machista (principalmente do Catra)
Vamos ter como atração o PaguFunk, que é um grupo feminista de Funk, acho q só o que elas precisam é de microfones, já que vai ter mesa de dj e tals
a música normal, só pedir prx DJ não botar os funks machistas e outras musicas q tb sejam..
19:52
Show!!

               
Apesar do “Show!”, Dia 09/09 (segunda-feira, mesma semana da festa, faltando dois dias para o início da TRANSemana) ainda não havia nenhuma resposta nem definição, sequer havia evento no facebook. Voltei a contatar o CACO,na pessoa da Julia, quem havia sido indicada como dirigente do CACO que organizaria a festa. Dessa vez o contato foi por whatsapp: 

09/09/13 14:26:31: Heloisa Melino: Gata, DJ Joana D'Arc vai tocar na nossa festa! :D

09/09/13 14:26:58: Heloisa Melino: Como faz? Vamos fazer um evento no FB pra divulgar a festa?

09/09/13 14:27:10: Heloisa Melino: Uma arte no Photoshop? Tenho quem faça a arte'

09/09/13 21:24:37: Julia Helena: Entao, evento no FB e se quiser imprimir uns cartazes e espalhar pode tb.
9/09/13 21:25:34: Julia Helena: Uma parada so: sexta agora.n eh o dia que a.Be vai tocar no RIR? A galera ta achando que um orfaos no dia de RIR nao é a boa ...
 
09/09/13 21:25:45: Heloisa Melino: Ahhh! Show!
 
09/09/13 21:25:54: Heloisa Melino: É sim, mas vai ter publico ctz
 
09/09/13 21:26:05: Heloisa Melino: Tem 700 pessoas no eu evento. Vem gente de fora do estado
 
09/09/13 21:26:15: Heloisa Melino: Vou te mandar qdo chegar em casa o cartaz da festa :)
 
09/09/13 21:26:22: Heloisa Melino: Pode me botar de admin do evento?
 
09/09/13 21:28:55: Julia Helena: Sim !
 
09/09/13 21:29:21: Heloisa Melino: ^^ valeu!
 
09/09/13 23:18:57: Heloisa Melino: Num to achando o evento..
 
09/09/13 23:29:52: Julia Helena: Ainda nao criei! eh que tava vendo filme c minha mae, acabou agora ai vou criar
 
09/09/13 23:30:26: Julia Helena: DJ Joana D'Arc
PagoFunk
cerveja
(mais alguma bebida?)
 
09/09/13 23:30:33: Heloisa Melino: Ah, ta! Viajei aqui, pensei q vc tava dizendo q tinha criado ja rs
 
09/09/13 23:30:50: Heloisa Melino: Ah, vc que sabe... Num tenho ideia dessas coisas de organização de festa..
 
09/09/13 23:31:10: Julia Helena: Haha ok
 

E DAÍ COMEÇARAM OS MAIORES PROBLEMAS (as 23:30 da segunda-feira, a TRANSemana começava na quarta e a festa seria na sexta)
 
09/09/13 23:49:43: Julia Helena: Helo, entao, eu fui criar o evento ai o pessoal ta querendo colocar um prpjetos e transmitir o RIR, o que eu achei uma ideia bem legal e o nome seria Rock in FND
 
09/09/13 23:50:24: Heloisa Melino: Poxa... Mas a gte ja ta divulgando como orfxs do manel..
 
09/09/13 23:50:42: Heloisa Melino: Nao pode Ser "Orfxs do Manel com Rock in FND"?
 
09/09/13 23:52:02: Heloisa Melino: Dai fica show da Beyonce + DJ + PaguFunk. Q tal?
 
09/09/13 23:52:35: Julia Helena: Por mim pode tudo hahaa
Vou passar aqui p "gerencia".rs
 
09/09/13 23:53:14: Heloisa Melino: Pondera aí pfvr q o evento tem 700 pessoas confirmadas, vem gente de outros estados e ja havíamos conversado há mais de dois meses
 
09/09/13 23:53:28: Heloisa Melino: Foi qdo eu falei com o Rodrigo e ele disse q rolava de fazer o Órfãos
 
09/09/13 23:55:17: Julia Helena: Entao .. Ele ta falando exatamente isso "orfaos" e nao "orfxs"
 
09/09/13 23:55:28: Julia Helena: Mas pera, vou conversar c ele
 
09/09/13 23:55:38: Heloisa Melino: Pq? Qual o problema?
 
09/09/13 23:55:59: Heloisa Melino: A conversa foi de que o nome poderia ser adaptado ao evento e a adaptação é essa.
 
09/09/13 23:56:10: Heloisa Melino: É uma TRANSemana
 
09/09/13 23:58:10: Heloisa Melino: O uso do x é uma construção lingüística importante pra mtas das pessoas que vão estar no evento, tanto palestrantes qto ouvintes
 
09/09/13 23:59:55: Julia Helena: Eu sei disso.
 
10/09/13 00:00:21: Julia Helena: Ele ta perguntando em relacao ao pagufunk e a dj, como vai ser o pagamento
 
10/09/13 00:00:44: Heloisa Melino: De graça.
 
10/09/13 00:01:16: Heloisa Melino: Entao? Quando eu fui tratar com ele, ele disse para q eu tratasse com vc, q cada um ia fazer um evento e esse seria vc.
 
10/09/13 00:01:33: Heloisa Melino: To meio perdida nisso...
 
10/09/13 00:02:26: Julia Helena: Eu tb .. Ele falou p eu cuidar, eu to cuidando, ai agora ele quer ele cuidar .. 😪
 
10/09/13 00:02:29: Heloisa Melino: Reivindica sua autonomia, flor. Este evento é feminista..
 
10/09/13 00:03:05: Heloisa Melino: Ele ta sendo machista ao querer usurpar sua autonomia e dizer o q pode ou nao ser feito.
 
10/09/13 00:04:57: Julia Helena: Ele podia ter dado piti num horario melhor ne rs
 
10/09/13 00:06:26: Heloisa Melino: Ele podia é se preocupar com p próximo órfãos e deixar esse com vc, cfe combinado
 
10/09/13 00:06:44: Julia Helena: Tb
 
10/09/13 00:06:52: Heloisa Melino: Combinado é combinado. O caco é vertical ou horizontal?
 
10/09/13 00:07:18: Heloisa Melino: Eu ja gastei mais de 400 reais de impressão de material do meu bolso e coloquei apoio do CACO
 
10/09/13 00:07:56: Heloisa Melino: APENAS pq o caco se comprometeu com fazer o Orfxs do Manel edição Transemana.
 
10/09/13 00:08:53: Heloisa Melino: Se for um centro acadêmico autoritário, vertical e machista, nao vai rolar e vou precisar do ressarcimento do dinheiro gasto para imprimir novo material sem o logo do CACO.
 
10/09/13 00:09:50: Heloisa Melino: Acho desnecessário ele resolver se intrometer prejudicando essa festa.
 
10/09/13 00:12:24: Julia Helena: Passei seu numero p ele, ok? Pq assim, é mto facil ele "descombinar" o combinado e me fazer ficar dando o recado.
 
10/09/13 00:13:32: Julia Helena: Eu acho que a unica "adicao" boa que ele fez foi querer colocar o negocio pra transmitir o RIR, mas p isso n precisa mudar o evento todo ..
 
10/09/13 00:14:51: Heloisa Melino: Exatamente.

Recebi, então, mensagens do Rodrigo Baccarat por whatsapp:
 
10/09/13 00:11:48: Rodrigo Baccarat: Fala helo, Bacc falando
 
10/09/13 00:11:55: Rodrigo Baccarat: JH falou que vc queria flar cmg
 
10/09/13 00:12:03: Heloisa Melino: Eu nao. Ao contrario.
 
10/09/13 00:12:22: Heloisa Melino: O que vc disse foi que ela organizaria a edição de encerramento da transemana
 
10/09/13 00:13:00: Heloisa Melino: O q eu quero, justamente, é que vc NAO interfira, se a sua interferência for no sentido de prejudicar a organização da festa.
 
10/09/13 00:13:11: Heloisa Melino: Nao estou entendendo o que esta acontecendo.
 
10/09/13 00:13:43: Rodrigo Baccarat: Uhm, mas nao estou entendo exatamente onde vc quer chegar
 
10/09/13 00:14:28: Heloisa Melino: Eu que nao estou entendendo, na vdd.
 
10/09/13 00:15:05: Rodrigo Baccarat: O caco funciona de uma maneira horizontal, onde tudo passa por una diretoria
 
10/09/13 00:15:32: Rodrigo Baccarat: Quando eu falei que a JH iria organizar, oq eu quis dizer foi que ela iria Ser o contato
 
10/09/13 00:15:44: Rodrigo Baccarat: Mas isso nao quer dizer só tenha ela organizando
 
10/09/13 00:16:15: Rodrigo Baccarat: Acho que devíamos conversar mais pra fazermos esse evento num boa
 
10/09/13 00:16:21: Heloisa Melino: É essa "diretoria" que está querendo mudar a organização do evento ou você, Rodrigo?
 
10/09/13 00:16:43: Heloisa Melino: Porque ela está muito bem com o evento na forma em que eu pedi.
 
10/09/13 00:17:27: Rodrigo Baccarat: Veja bem, o intuito nao é mudar o evento e sim acrescentar coisas que vamos achar legal de serem colocadas
 
10/09/13 00:17:41: Heloisa Melino: Quem "vamos"? Seja claro.
 
10/09/13 00:18:11: Rodrigo Baccarat: Vamos é a diretoria , que acha legal incluir certas coisas
 
10/09/13 00:18:23: Rodrigo Baccarat: Mas eu queria saber oq a JH te adiantou?
 
10/09/13 00:18:35: Rodrigo Baccarat: Pq vc parece estar com uma idéia errada da proposta

Não achei justo continuar essa conversa sem a Julia. Afinal, foi ela a apontada para conversar comigo sobre a festa. O dirigente do CACO (que conforme o trecho mais destacado afirma falar em nome da diretoria ) já havia provado que não respeita a autonomia dA outrA dirigente, mas eu respeito, então abri uma conversa com ela e ele. O assunto continuou:
 
10/09/13 00:19:10: Você alterou o assunto para “Orfxs do Manel TRANSemana”
 
10/09/13 00:19:10: Você entrou
 
10/09/13 00:19:11: Julia Helena entrou
 
10/09/13 00:19:11: Rodrigo Baccarat entrou
 
10/09/13 00:19:37: Heloisa Melino: JH:Helo, entao, eu fui criar o evento ai o pessoal ta querendo colocar um prpjetos e transmitir o RIR, o que eu achei uma ideia bem legal e o nome seria Rock in FND
 
10/09/13 00:20:03: Heloisa Melino: H: Nao pode Ser "Orfxs do Manel com Rock in FND"?
Dai fica show da Beyonce + DJ + PaguFunk. Q tal?
 
10/09/13 00:20:05: Rodrigo Baccarat: Ok, vamos partir desse ponto
 
10/09/13 00:20:38: Rodrigo Baccarat: Oq vc acha disso helo
 
10/09/13 00:20:40: Rodrigo Baccarat: ?
 
10/09/13 00:21:22: Heloisa Melino: Acho que desvirtua a dinâmica do evento.
 
10/09/13 00:22:16: Rodrigo Baccarat: Discordo, acho que abre um leque maior de publico, que podem até trocar idéias sobre a temática da semana
 
10/09/13 00:22:19: Heloisa Melino: Que horas vai ser o show da Beyonce? Se for a primeira coisa da noite,
Ok. 
Mas se tiver que interromper DJ pra ouvir show em telão interrompe o ritmo da festa
 
10/09/13 00:22:54: Heloisa Melino: Leque maior de público pra trocar idéias sobre a temática da semana?
 
10/09/13 00:23:28: Rodrigo Baccarat: Acho que o evento só tem a ganhar, até pq como CA temos que abranger e tentar contemplar a todos os alunos, e Nd melhor de usar o RIR pra aproximar quem nao conseguiu ingresso
 
10/09/13 00:24:06: Rodrigo Baccarat: Acho que sim, vai estar no evento falando sobre a semana , as pessoas que lerem e  nao participaram podem trocar idéias num clima legal
 
10/09/13 00:24:35: Heloisa Melino: Trocar idéias num clima legal acontecerá seja qual for a programação da festa.
 
10/09/13 00:25:21: Rodrigo Baccarat: Sim, nao vejo então pq nao incluir o RIR
 
10/09/13 00:25:38: Rodrigo Baccarat: Ngm ira se sentir descontemplado por isso
 
10/09/13 00:26:09: Rodrigo Baccarat: Estamos querendo colocar uma banda de rock(do pingüim ) pra tocar
 
10/09/13 00:26:21: Heloisa Melino: Irá, se tiver que interromper uma DJ ou uma banda que vão tocar de graça pra gente. E vão fazer isto por ser um evento transfeminista
 
10/09/13 00:26:26: Rodrigo Baccarat: As suas atracões estão confirmadas?
 
10/09/13 00:26:31: Heloisa Melino: Sim, estão.
 
10/09/13 00:26:47: Heloisa Melino: Rodrigo, estou há cerca de dois meses no diálogo com você para essa festa ser construída coletivamente. Trata-se de um evento grande, com mais de 700 pessoas confirmadas, vindo pessoas de ouros estados APENAS para o evento.
 
10/09/13 00:27:42: Heloisa Melino: Já falei da PaguFunk há semanas. Consegui uma DJ dentro do espírito do evento. Nao dá pra hoje, faltando 4 dias pra festa vocês virem querer mudar a cara do evento.
 
10/09/13 00:28:23: Rodrigo Baccarat: Nao vai ser mudado a cara do evento , vai ser orfxs do Manel - rock in FND
 
10/09/13 00:28:34: Rodrigo Baccarat: Vc msm tinha concordado com isso no inicio
 
10/09/13 00:28:40: Heloisa Melino: O Rock in Rio foi marcado ate antes da Transemana. Se tivessem sido organizados, poderíamos estar dialogando sobre isso há dois meses para chegar num ponto comum
 
10/09/13 00:28:45: Rodrigo Baccarat: Nenhuma atracão ira atrapalhar oq ja estava marcado
 
10/09/13 00:29:17: Rodrigo Baccarat: A única alteração que propormos
 
10/09/13 00:29:39: Rodrigo Baccarat: É de incluir uma banda de rock , e tentar colocar um telão
 
10/09/13 00:30:06: Rodrigo Baccarat: Até pq nao sabemos se realmente conseguiremos fzr isso, tanto que só vamos lançar amanh, após termos a confirmação
 
10/09/13 00:30:23: Heloisa Melino: Nao. Fazendo uma conciliação de interesses, acho possível que ANTES da DJ e da Banda comece com a projeção do RiR. E acho q nao atrapalha. Se for deste jeito, concordo com o seu pensamento, vai SOMAR. 
Mas se precisar interromper a DJ ou a banda, chega a falta de desrespeito com profissionais que estão comprometidas conosco.
 
10/09/13 00:30:49: Heloisa Melino: Banda de rock eu discordo completamente.
 
10/09/13 00:30:49: Julia Helena: So pra saber. é p Rabugenta vai tocar? Só p poder falar c eles c antecedencia ..
 
10/09/13 00:31:49: Rodrigo Baccarat: O idéia sobre a banda, foi pensando em somar a diversidade cultural do evento, que tem um grupo de pagofunk e a dj que provavelmente deve tocar house
 
10/09/13 00:32:25: Rodrigo Baccarat: E como eu conheço as musicas da banda do pingüim e sei que elas nao vão contra a temática da semana nao acho que irão atrapalhar
 
10/09/13 00:32:38: Heloisa Melino: Nao, nao.. A DJ preparou um set list especial pra gte. Com funk, pop, etc.
 
10/09/13 00:32:58: Rodrigo Baccarat: Beleza
 
10/09/13 00:33:20: Julia Helena: pagUfunk ..
 
10/09/13 00:33:28: Heloisa Melino: Rodrigo, o pinguim toca rock... É outro o clima que a gte propõe pra festa, que é pra focar no funk
 
10/09/13 00:33:42: Heloisa Melino: Ate pq a ultima mesa vai abordar JUSTAMENTE o feminismo no funk
 
10/09/13 00:33:53: Rodrigo Baccarat: Mas vc tem algo contra a banda do pingüim? A idéia
 
10/09/13 00:34:06: Heloisa Melino: Eu convidei a Valesca ate, q nao vem pq ta na França.
 
10/09/13 00:34:25: Heloisa Melino: Nao, nada contra. Nem conheço as musicas, mas  é outro estilo de som
 
10/09/13 00:34:33: Heloisa Melino: Que distoa.
 
10/09/13 00:35:36: Rodrigo Baccarat: Uhm tranquilo, a Gnt ta com intuitos um pouco diferentes , eu taba querendo fzr realmente um RIR da central, mas nao vou mudar oq ja me comprometi com vc
 
10/09/13 00:36:48: Rodrigo Baccarat: Fica oq esta msm
 
10/09/13 00:38:03: Heloisa Melino: Blz! Valeu!
 
10/09/13 00:38:27: Rodrigo Baccarat saiu


Obstáculos apresentados pelo CACO: (1) Primeiro é ruim fazer festa dia 13 pq é o dia da Beyonce no Rock in Rio; (2) Depois tentaram não usar o nome ÓRFXS alegando que queriam fazer Rock in FND por causa do Rock in Rio; (3) tem que ser ÓRFÃOS e não ÓRFXS; (4) Tentam criar obstáculos com dinheiro, ao que eu respondo dizendo que tanto o grupo quanto a dj tocariam de graça; (5) Querem colocar uma banda de rock, quando desde 07 de Agosto (mais de um mês antes) já havia conversado sobre um grupo de funk tocar na festa e que queria uma festa com clima funk/pop (o que não teve objeção naquela ocasião).  Como eu falei na conversa, há meses eu vinha tentando construir coletivamente a festa e não houve interesse do CACO nisso. Consegui fazer contatos com pessoas que se propuseram a fazer parte da festa tocando de graça, algo que fariam apenas por serem aliadas políticas às ideias da TRANSemana.
Estava claro nessa conversa que o CACO, no mínimo, não tinha alinhamento político com o que se debatia na TRANSemana, pois se tivesse, teria destinado algum esforço para essa construção ou, no mínimo, não criaria tantos obstáculos faltando apenas 2 dias para o início da TRANSemana e 4 dias para a festa de encerramento.


O motivo oficialmente alegado pelo CACO: O óbito de um aluno da FND
Tudo finalmente parecia caminhar. Infelizmente, porém, dia 11/09 veio a óbito um aluno da FND, o Daniel, que havia sido atropelado na Av. Presidente Vargas, a caminho da Faculdade, no dia 30/08 e estava em coma desde então.

Uma dirigente do CACO, Vanessa, me ligou as 22:30 da quarta-feira, 11/09, primeiro dia da TRANSemana para falar sobre o falecimento do rapaz e perguntar qual seria o meu posicionamento sobre a realização da festa de encerramento.
Apesar de ter produzido a TRANSemana apenas pelo LADIH, nos dias de sua realização da foi formada uma Comissão de Organização (CO) com as pessoas que haviam disponibilizado seu tempo para fazer o operacional do Evento. Até aquele momento (quarta-feira a noite) integraram esta comissão: eu, Gabriel Vignoli, Marvel Nessa e Lorraine Donna.
Chamei os demais membros da CO da TRANSemana para conversar sobre a situação e chegamos a decisão de que manteríamos a festa – principalente porque a TRANSemana não é um evento da FND, sequer é um evento da UFRJ. É um evento produzido por um grupo de pessoas da UFRJ, mas que é voltado para todas e todos – tivemos palestrantes e ouvintes de diversos lugares e não só acadêmicos. As pessoas que compunham a mesa eram pessoas Acadêmicas e pessoas Ativistas, o público alvo, igualmente, era a Academia e a Militância. Deixar de realizar a festa de encerramento por causa do falecimento do rapaz não fazia sentido, por mais triste que fosse esse acontecimento.
Recebi, então, mensagens da Leandra Barcellos, outra dirigente do CACO (pessoa a quem eu ainda não conhecia, esta era a 4ª pessoa da Gestão que vinha me contatar). Falei com ela a decisão da CO da TRANSemana de manter a festa e de abrir espaço em nossas mesas para que fosse feita uma homenagem ao rapaz, em sua memória.
 
11/09/13 23:12:45: Leandra Barcellos: Oi Heloisa, tudo bom? É a Leandra aqui, do caco! A Vanessa disse que falou contigo..
 
11/09/13 23:12:45: Leandra Barcellos: Espero que por vc esteja tudo bem.. Sei que nos comprometemos sobre o órfãos, mas é uma situação de muita tristeza comoção para os alunos.. Totalmente atípica..
 
11/09/13 23:12:45: Leandra Barcellos: Pensei em transferitmos para a sexta que vem! O que vc acha?
 
11/09/13 23:49:33: Heloisa Melino: Leandra, é uma situação difícil, pq boa parte do publico da transemana é externo a Fnd.
 
11/09/13 23:50:59: Heloisa Melino: O q vc acha de vcs amanha fazerem uma menção a ele ou uma homenagem em alguma das mesas do evento, em memória dele?
 
11/09/13 23:55:10: Leandra Barcellos: Concordo com as homenagens Helo! Mas não acho que a faculdade vá encontrar clima pra uma festa agora.. Pode soar desrespeitoso com os colegas..
 
11/09/13 23:56:53: Leandra Barcellos: Que horas vc vai estar na FND amanhã? Podemos tentar conversar sobre isso?
 
11/09/13 23:57:21: Heloisa Melino: Eu espero que nao soe, guria.
 
11/09/13 23:57:40: Heloisa Melino: Podemos, sim. Vou estar o dia todo na Fnd. De 9 as 21
 
11/09/13 23:59:24: Leandra Barcellos: Ok! Te procuro lá pela manha então! Pode ser? Tenho uma ideia que talvez possa dar certo..

Quinta-feira, dia 12/09, segundo dia da TRANSemana, a Leandra me procurou pessoalmente no Salão Nobre da FND, aonde se realizavam as mesas e eu reafirmei a posição da CO da TRANSemana: manter a festa e abrir espaço para homenagem ao rapaz. Indiquei, inclusive, para quais mesas estávamos esperando um público maior, inclusive de alunxs da FND. A Leandra disse que levaria a  nossa decisão e abertura de espaço ao CACO.
Naquela tarde, algumas horas depois, recebi uma ligação de outra pessoa do CACO (uma 5ª pessoa, não lembro quem) me chamando para conversar na sala deles. Fui. Estavam lá: Juia Helena (que organizaria “Órfxs do Manel”) a Ingrid Figueiredo e o Eduardo Morrot (5ª e 6ª pessoa da gestão que vinha conversar cmg). Conversamos, eles voltaram a me perguntar o que eu achava e eu voltei a dizer o posicionamento da CO, inclusive ressaltando que palestrantes e público alvo da TRANSemana não eram apenas da FND/UFRJ. Eles expuseram que o CACO não se sentia a vontade de realizar a festa, pois os membros do CACO estavam de luto com o falecimento do Daniel.
Apresentei a ela e a ele o histórico dos acontecimentos, toda a conversa com a Julia Helena e com o Rodrigo Baccarat e que, muito embora o CACO estivesse apresentando o óbito como motivo oficial para a não realização da festa, estava muito claro para mim, pela linearidade dos acontecimentos, que o que havia era um desinteresse por causa da festa ser de encerramento de um evento que abordava a temática Trans. E que a postura do CACO apontava para não querer ser vinculado a imagem de um evento trans. Através das discussões que acontecem no grupo da Faculdade no Facebook ficava claro que boa parte do alunado da FND tinha posturas cis-sexistas e esse alunado vivia reclamando de mim e de outras pessoas que escrevem com x ao invés de com o/e, para fazer menção a pluralidade de gênero. Realizar um ÓRFXS, ao invés de ÓRFÃOS apontava para um alinhamento do CACO com esse discurso desgenerificador da língua e isso era uma questão para o CACO, como as conversas com o Rodrigo, que dizia representar A DIRETORIA DO CENTRO ACADÊMICO comprovavam.
Ingrid e Morrot disseram que o Rodrigo era um caso a parte, que ele não falava pelo CACO e que era um dirigente com pouca atuação. Ingrid assumiu, enquanto dirigente, que aquela conduta era inadmissível e pediu desculpas pelos posicionamentos apresentados como sendo do CACO. Disse, no entanto, que eles não fariam a festa como CACO.
Como haviam se comprometido a realizá-la, manteriam toda a estrutura, as pessoas que trabalhariam na festa seriam as pessoas do CACO, seria mantido o nome “Órfxs do Manel” e tudo seria igual, só que não queriam responsabilidade pela festa.
Ou seja: seria tudo como combinado, só mudava que a relização seria da TRANSemana e nao do CACO. Mero formalismo. Ok, então.
30 minutos depois, recebi a ligação da Natalia Trindade (7ª pessoa do CACO) me pedindo para retornar a sala do CACO para conversar. Voltei. Agora eram ela, o Eduardo Morrot e o Pedro Félix (membro do CACO, da Minerva Queer – coletivo ao qual xs demais integrantes da CO da TRANSemana, inclusive eu, pertencemos – e que havia se disponibilizado a ajudar no operacional da TRANSemana). Nesse momento a Natalia Trindade me disse que aquilo que havia sido conversado meia hora atrás não poderia acontecer. Que aquela realização com as pessoas do CACO continuaria atrelando a festa de encerramento ao CACO e, como havia o luto, elxs achavam que não seria certo aderir. O CACO se retiraria efetivamente da festa. Mas que ela, Natalia, iria fazer os contatos para comprar cervejas, gelo, alugar banheiro químico e contratar DJ para abertura do evento e aluguel de equipamento de som. O Pedro Félix, que até entao era visto como parte da TRANSemana e da Minerva, mas tb era dirigente do CACO se comprometeu a fazer essa ponte entre TRANSemana e CACO – ele chegaria cedo, receberia tudo junto de outras pessoas da CO da TRANSemana.
Esse papo foi pessoalmente, então não tenho histórico, mas me recordo especificamente disto:

Heloisa: Ok, Nat. Vocês estão retirando o pessoal da festa. 30 minutos atrás vocês disseram que o nome se mantinha. Mantém?
Natalia: Pois é, queria falar isso também. “Órfãos do Manel” é uma festa da nossa gestão do CACO. Não vai dar para vocês usarem esse nome.
Heloisa: Ok, compreendido. A gente se vira.

A decisão pela realização da TRANS-Pire como espaço de resistência
Para mim estava claro tudo que havia acontecido ali. Conversei com a CO da TRANSemana sobre as conversas que haviam se passado e resolvemos que deveríamos anunciar a festa como Espaço de Resistência em TODAS as mesas dali pra frente. Queríamos marcar o descontentamento com o posicionamento do CACO e queríamos convidar todas e todos que estavam na luta conosco para ocupar a FND.
Tendo sido tomada essa decisão coletivamente, após a última mesa do dia, que era “Regulamentação da Prostituição em Debate”, pedi espaço para fala e me dirigi ao público e palestrantes da TRANSemana: “Pessoal, havíamos combinado há meses atrás com o CACO, que é o Centro Acadêmico daqui da FND para realizarem a festa de encerramento da TRANSemana. Infelizmente, porém, eles não vão realizar essa festa. Há um motivo alegado oficialmente, mas na minha opinião e pela linearidade dos fatos, está claro que a postura do CACO está sendo uma postura sexista e transfóbica. Não vamos deixar de realizar a festa. Uma das dirigentes do CACO se dispôs, ainda, a fazer os contatos para estrutura, ao que somos muito gratos pois não temos esse know how. Mas amanhã a festa será realizada pelas pessoas que estão realizando a I TRANSemana da UFRJ – consideramos este um Espaço de Resistência que temos que ocupar. Por favor venham e convidem a todas e todos.”
Após arrumar tudo no encerramento da TRANSemana, para entregar o Salão Nobre limpo à faculdade, fomos ao bar que fica em frente a FND, o bar “Coração de Maria”, mais conhecido como “Bar do Cauby”. E lá estavam os membros do CACO numa mesa. Chamei a Natalia Trindade para conversar junto de mim, da Marvel, do Gabriel e da Lorraine. Queríamos falar sobre o anúncio que demos no salão nobre, agradecer a disponibilidade dela em fazer os contatos para estrutura e pedir esses numeros de telefone, saber os valores certos de tudo, etc. Conversamos e o papo fluiu muito bem. A Natalia voltou a afirmar que a posição do CACO era por estarem de luto com a morte do aluno, mas entendeu nosso posicionamento como espaço de resistência.
Qual não foi minha surpresa quando uma outra dirigente do CACO chegou no meio da conversa passando chapéu. Disse que os membros do CACO estavam ali comemorando e que estavam passando chapeu para pagar pela comemoraçao. Aqueles mesmos membros do CACO que estavam em luto pelo óbito do aluno, motivo que levou a não realização da festa de encerramento. De luto e comemorando outras coisas. Em frente a Faculdade. No dia do enterro do Daniel.
Ignoramos a garota, obviamente. Depois disso o Pedro Felix e o Tomaz Moreira (outro dirigente do CACO,o 8º , que também integra a Minerva Queer) vieram conversar conosco. O Pedro estava se colocando como membro do CACO (o 9º, portanto) e disse que não iria participar da festa de encerramento. E não ia participar porque eu tinha dito que faríamos a festa sem o CACO e que ali seria um espaço de resistência. Como ele é do CACO, ele estava fora. Eu falei para ele que o considerava parte da TRANSemana. Ele disse que não (apesar de estar com a camisa da TRANSemana). Que havia ajudado como CACO e que estava se retirando como CACO. Falei que considerava uma pena, mas lógico que respeitava a decisão dele.
Vale lembrar também que neste mesmo dia, a tarde, enquanto o CACO e eu conversávamos na Varanda da FND e durante a última mesa da TRANSemana que acontecia no dia, acontecia o BINBAR na esquina da rua da faculdade – um evento de integração entre as pessoas de fora do Rio que vêm estudar na Nacional. Ali também haviam membros do CACO (inclusive a garota que mais tarde passaria o chapéu no Cauby)
Então: clima pra BinBar na esquina da FND e clima pra comemorar no bar em frente a faculdade no dia do enterro do Daniel todxs têm, mas na sexta-feira estariam todxs de luto. Aliás, vale também ressaltar: o espaço que foi aberto para homenagem ao Daniel não foi utilizado. Quando conversei com a dirigente do CACO que era, de fato, amiga do rapaz e quem estava, efetivamente de luto, ela disse que seus colegas de gestão não a tinham informado sobre termos aberto espaço para a homenagem ao Daniel no evento. Ela disse que teria, sim, feito a homenagem, se soubesse.


Pós TRANS-Pire – O assédio moral e bullying perpetrado pela Gestão “Pelo Direito Sempre” do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira da Faculdade Nacional de Direito (CACO)
No dia seguinte, pela manhã, o CACO lançou nota no grupo da turma cancelando a festa de encerramento e dizendo que aconteceria a Trans-Pire. Não foi explicado que seria uma festa, que teria DJ, cerveja, etc. Eu e as demais pessoas da CO ouvimos muitas pessoas passando pelo corredor da FND comentando que não haveria festa naquele dia, que o CACO tinha cancelado. A nota do CACO, no mínimo, gerou confusão.
(neste print fica claro, inclusive, que as preocupações do CACO com o nome da festa não eram sem fundamento)

Imprimimos cartazes e espalhamos pela faculdade, publicamos no grupo da turma do facebook para tentar informar que haveria festa, sim. Publicamos em diversos grupos a que tínhamos acesso. Nos grupos em que havia mais espaço para politização do debate, esta era a chamada:



Aí está: (1) a minha preocupação em dizer que as RAZÕES são claramente homofóbicas e machistas; (2) o destaque à conduta da Natalia, de manter a ajuda para a realização da festa; (3) o chamado a um espaço de resistência.
Esse print é de um grupo privado de pessoas da Faculdade. Nesta publicação, Halison Bruno (membro do CACO, o 10º e da Minerva Queer), Tomaz Moreira (CACO e MQ) e Pedro Félix (CACO e MQ) partem para ataques pessoais a mim. O tempo todo eu dialogo com eles dizendo “as posturas, as condutas, as manifestações, os posicionamentos foram/reproduziram sexismo, homofobia e transfobia”. Durante a conversa até digo que as pessoas podem não ter reparado que estavam fazendo isso, mas que o posicionamento delas acabou por reforçar essas formas de exclusão. Os rapazes não faziam o mesmo, o ataque era pessoal a mim – “você é, você faz” eram as construções por eles usadas.
Ali fui vencida pelo cansaço. Cheguei a conclusão de que, se aquelas pessoas afirmavam categoricamente que não tinha havido sexismo/transfobia/homofobia na tomada de decisão do CACO, eu deveria aceitar aquilo. Afinal, eram pessoas a quem eu conhecia, pessoas que dizem estar envolvidas em causas LGBT (inclusive estão na Minerva Queer). E fiz um mea culpa:






Aqui está ampliada a publicação à qual faço referência:



Como podem ver, esse “mea culpa” aconteceu no sábado, dia 14/09 as 11:30 da manhã. Dia seguinte à Trans-Pire.


O Assédio Moral/Bullying institucional do CACO
Qual não foi a minha surpresa quando, mais tarde no mesmo dia, recebi a seguinte mensagem de uma pessoa que é do Centro Acadêmico, mas que não tem ainda a inserção institucional para saber o que estava acontecendo naquela semana:

E eu recebi os Prints.






E no último print, um pouco mais de destaque para as pessoas que curtiram e/ou comentaram:



Leonardo Guimarães é um dos dirigentes do CACO (o 11º que estava tendo contato comigo naqueles dias). Quando tivemos o primeiro conflito entre o CACO e a TRANSemana, rapidamente se esquivaram dizendo que o Rodrigo Baccarat não era um dirigente participativo/influente no CACO, mas o mesmo não se pode dizer do Leonardo Guimarães. O Rodrigo pelo menos trouxe as questões dele para mim de forma clara e direta. O Leonardo agiu diferente – foi covarde e esquivou-se de vir falar comigo. O objetivo do Leonardo Guimarães era claro: me ridicularizar. A mim pessoalmente. O grupo em que ele publicou aquilo era um grupo privado, sim, mas um grupo ao qual têm acesso dezenas de pessoas que coabitam o mesmo espaço que eu. Dezenas de pessoas essas que ririam pelas minhas costas, que teriam julgamentos a meu respeito sobre os quais eu não poderia ter acesso. O que o Leonardo Guimarães e o CACO estavam fazendo era uma violência institucional pessoal contra mim. Por que? Só eles podem dizer. Mas tenho certeza absoluta que se eu fosse um homem de 2 metros de altura e 120 kg de músculos, eles teriam tido muito mais cuidado ao falar de mim e ao me ridicularizar. Mas não, eu sou uma mulher. E mais, eu sou a “Heloisa dos Travestis”, que mantém discussões acaloradas com muitas pessoas no grupo de facebook da Faculdade Nacional de Direito, que sustenta posicionamentos que são minoritários, que tem apoio de uma minoria de estudantes. Eu era alvo fácil para aquela violência que foi impulsionada pelo Leonardo, mas que é uma violência institucional, pois foi “curtida” e comentada com risos de escárnio, com acusações de crime (como a captação de recursos que jamais chegaram a mim) e com constatações de   “estou feliz porque fracassou”.
Eu trouxe a público o que eles pretendiam que fosse uma ofensa escondida e moral. Eu imediatamente publiquei esse print na minha linha do tempo do facebook – em aberto. E marquei tanto as pessoas do CACO que haviam conversado comigo naqueles três dias, como as pessoas do CACO que riam, curtiam e comentavam em apoio à publicação. Mas marquei também as pessoas e instituições que sei que repudiam a conduta do CACO.  E marquei todxs xs palestrantes da TRANSemana, marquei todas as pessoas que eu lembrava que haviam assistido as mesas e os cine-debates.
O CACO me agrediu sob um véu de impunidade (o grupo privado), eu estava retirando o véu de impunidade e fazendo o que uma pessoa honesta faz: chamando ao debate aberto.
Infelizmente essa publicação foi excluída pelo Facebook antes que eu pudesse tirar Print Screen dela e dos comentários – muitos membros do CACO vieram me agredir me chamando de coisas horrorosas, o Leonardo Guimarães me chamou de oportunista, o Tomaz, Halison e Pedro Félix (os três membros tanto do CACO quanto da Minerva Queer) fizeram ataques e ofensas pessoais a mim. Mas também muitas pessoas vieram em minha defesa e em defesa dos ideais que a TRANSemana buscava visibilizar. Algumas pessoas do CACO reconheceram suas atitudes erradas e pediram desculpas publicamente. Outras pessoas do CACO me mandaram mensagens particulares inbox horrorizadas com o comportamento do Leonardo Guimarães e de outros membros do CACO.
A mensagem que eu havia publicado na minha linha do tempo junto do print-screen das fotos e que foi removida pelo Facebook (motivo também pelo qual eu fiquei bloqueada por 12 horas) foi esta:

“Removemos algo que você publicou
Removemos isso do Facebook, pois viola nossos Padrões da comunidade:

HEY GENTE LINDA, NÃO FAZ EM RESTRITO NÃO. QUEM É BOM VEM PRO DEBATE

Thiago Sete a I Transemana Ufrj foi um PUTA SUCESSO. Nao somos uma festa. A gente nao pauta o movimento político por festa, querido. 
"Roubou da Minerva Queers"? Estou desde abril tentando construir com vcs. Vc se esquece que existe histórico, reunião, pauta?

Pedro Henrique Felix Lima Prejuízo de 2mil, sim. Mas com muito orgulho. Nao tem jeito melhor de gastar meu dinheiro do que celebrando a diversidade e COMBATENDO A TRANSFOBIA, A HOMOFOBIA E O SEXISMO de pessoas como vocês, membros da Gestão Pelo Direito Sempre. 

Hey, Igor Alves Pinto vem dar risada pessoalmente.

Quem botou a mão no fogo pela não-transfobia de membros do CACO parece que se queimou. 

Aguardem os próximos seminários, os próximos atos políticos. A TRANSemana da UFRJ será um evento semestral que poderá ser construído coletivamente com a Minerva e quem mais se dispuser a chegar junto sem "desculpa, to mto ocupadx". Se não tiverem interesse, nao importa. A CO desta vai continuar criando mais e mais e combatendo a opressão transfóbica e sexista. 

A propósito, uma galera da CO tá indo pra um Seminário Internacional amanha, o Fazendo Gênero. Vocês acabam de conquistar a notoriedade internacional :) “




O que houve com essa publicação não foi contra “as pessoas trans que se sentiram ofendidas” como viria a falar a nota que o CACO soltou depois. O que houve com esse álbum foi um ataque PESSOAL a mim.

A retirada do CACO da festa na minha opinião foi por motivos claramente cis-sexistas, por não perceberem a importância da realização do evento e da festa de encerramento, por não quererem ser vinculados a um discurso não-normativo e desgenerificador da língua (com o uso do x em “Órfxs do Manel”). O CACO se posicionou ideologicamente pela invisbilidade dos temas abordados na TRANSemana, pois não queria causar desconforto ao alunado. Desconforto com relação ao óbito de um colega ou desconforto por fazer a festa de um evento cheio de travestis, transexuais, viados, sapatões, vadias e putas? Tirem suas próprias conclusões.

O que veio em seguida, especialmente relacionado às fotos e ao debate que se deu em um grupo privado  foi pessoal. Foi ridicularizada a "festa da helo". O que o CACO fez se chama incitar ódio e promover bullying e assédio moral. Chegou ao meu conhecimento rapidamente, mas se não tivesse chegado poderia ter causado ofensas ainda mais graves. E a postura dos membros do CACO que vieram em defesa da entidade estudantil e agiram como se eu fosse uma histérica e tivesse exagerando com a reação ao álbum foi uma postura sexista e pessoal.
Foi sexista por causa do contexto em que ocorreu. Era um contexto em que já havia uma agressão pessoal a mim que considero ter sido feita tendo por base uma aludida fragilidade minha, especialmente a falta de adesão aos posicionamentos e ideais que defendo no grupo de facebook da turma. Agir como se eu estivesse exagerando e sendo histérica é uma conduta sexista. A violência já estava acontecendo e as manifestações dos membros do CACO a potencializou.

E isso continuou até depois da publicação denunciando a agressão que o Leonardo Guimarães houvera cometido contra mim. Tomaz Moreira, dirigente do CACO, membro da Minerva Queer, publicou este comentário em defesa do Leonardo e mantendo os ataques a mim. Este comentário foi publicado tanto nas fotos que eu publiquei na minha linha do tempo, quanto no grupo privado da FND:


Esta foi a minha resposta:



Não obtive resposta.

Nota de Retratação do CACO
Dia 18 de Setembro, as 00:07, O CACO solta sua nota de retratação. Essa nota vem apenas após intensos diálogos com uma das pessoas da Comissão de Organização da Transemana. Um homem cisgênero. Um homem que teve exatamente o mesmo discurso que eu tive em todos os espaços em que dialogamos.  
É muito curioso como eu ir falar com as pessoas em tom conciliatório não teve efeito nenhum, mas tão somente o sentimento de "traição" de um grupo. Não acho que eu deva levar em consideração egos feridos, pois eu busquei conversar com essas pessoas para clarificar o que estava sendo dito. Inclusive para agradecer a ajuda que estavam se prestando a dar.
Em TODAS as minhas publicações na discussão do grupo privado e em público, eu fui cuidadosa em dizer "as condutas, as posturas, as atitudes manifestadas" e nunca "VOCES ESTAO SENDO x, y, z" - cuidado que não teve recíproca. As acusações e agressões foram A MIM e não a posturas/condutas/atitudes minhas.
E mais: me acusar de "destruir" quando o tempo todo instei em tentar construir coletivamente, em conversar, em elaborar, em melhorar. Falei em reprodução de atitudes sexistas e transfóbicas, em estarem promovendo tais discursos sem reparar. E vêm dizer q eu não tive paciencia de construir, que só quis “bater/criticar/destruir" e que o Gabriel tinha tido paciência.

A nota de retratação do CACO pode ser vista no link: https://www.facebook.com/cacofnd/posts/558362094233061
Começa com “A gestão do Centro Acadêmico Candido de Oliveira - CACO vem a público pedir suas sinceras desculpas a todxs xs Trans que se sentiram ofendidxs com os comentários notoriamente infelizes veiculados na internet neste final de semana (15/09).”
É uma nota extremamente superficial. O CACO pede desculpas “a todas xs Trans que se sentiram ofendidxs” – as pessoas não se sentiram ofendidas. Elas foram, efetivamente, ofendidas. E não só as pessoas trans. Isso serve para TODA forma de opressão, de violência institucional e de preconceito: se você só se preocupa com a sua causa, você não se preocupa com uma sociedade justa para todxs. Violência gera violência, opressão e dominação são ciclos sem fim que sempre procuram grupos vulnerabilizados para explorar.

Se vc não liga pra racismo pq é brancx; não liga pra transfobia/lesbofobia/homofobia pq nao é trans*, lesbica, viado, etc; não liga pra diferença social pq tem poder aquisitivo; acha que manifestante é vândalx e tem que apanhar, fique ligadx: VOCÊ SERÁ A/O PRÓXIMX, como bem refletiu Bertold Brecht.

Essa luta não é individual de nenhum de nós. É de TODXS NÓS QUE NÃO QUEREMOS VIVER EM UMA SOCIEDADE OPRESSORA. 

E continuaremos na luta.