segunda-feira, 4 de julho de 2016

Orlando: liberdade pra amar ou liberdade pra transar?


 Eu ainda não tinha conseguido falar nada sobre Orlando. Em parte porque me incomoda tanta gente brasileira falando disso e não falando dos assassinatos que temos aqui com a mesma força. Não digo que o que aconteceu lá não me toca, evidente que toca, tenho amigos amados nos EUA (e na Europa) com cujas vidas me preocupo imensamente cada vez que há um ataque a pessoas LGBT e migrantes nesses lugares. Mas também não tinha conseguido falar ainda por outro motivo que entendi na roda de conversa "Turismo sexual e Olimpíadas: Quebrando tabus": a resposta ao que houve em Orlando nao é "toda forma de amor vale a pena", mas todo exercício de sexualidade vale a pena. Toda putaria vale a pena.
Eu não vou pra boate apenas com uma namorada a quem eu ame e não vou pra boate em busca de amores. Eu vou pra boate em busca de extravasar as opressões que me marcam a carne, que me marcam o peito desde que me entendi sapatão. Eu vou pra boate pra fazer pegação. Eu vou pra boate pra juntar meu corpo suado com corpos suados de outras mulheres, pra beijar bocas de outras mulheres que muitas vezes eu nao sei nem o nome. Eu vou pra boate muitas vezes pra dançar apenas. E muitas outras vezes pra fazer putaria e às vezes faço ali mesmo, na pista de dança no cantinho ou no banheiro, muitas outras vezes saio de lá com alguém pra fazer putaria em casa.

Toda forma de exercer a sexualidade vale a pena. Toda forma de putaria vale a pena.

Sexo é CONSENTIMENTO. Que isso fique marcado.

Deixo aqui uma foto de um momento sapatânico putanesco delirante numa festa na CasaNem. Eu sou vadia. Sapatão, feminista e vadia. E tenho a cada dia mais orgulho disso.

Que nossa putaria nunca seja motivo de nossa morte - física, psíquica, emocional e/ou política.

#ocupasapatao









[Publicação original: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206448222274878&set=a.1406844741663.2056952.1548759955&type=3&theater]

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