sexta-feira, 3 de junho de 2016

A misoginia do golpe: FORA TEMER!

Primeiramente, FORA TEMER

"Essa é uma mulher que foi colocada na prisão na ditadura e torturada por ser dissidência. Ela é uma mulher muito forte e saudável, que já passou por muita coisa e lembre-se, as eleições no Brasil foram há apenas 18 meses, ela ganhou essas eleições com 54 milhões de votos." (Gleen Greenwald, sobre a Dilma em entrevista à CNN)
A gente não pode descolar a perseguição que Dilma sofre e as críticas que fazem a ela de uma cultura machista, de um bando de macho escroto que não consegue suportar o fato de ter uma mulher na posição institucional de poder que ela ocupa. Uma coisa é falar das políticas de governo dela, outra totalmente diferente e evidente é falar dela como falam. A Dilma é constantemente atacada pelas roupas que veste, pela idade que tem, por não ter marido, é chamada de louca e descontrolada e agora de fraca e sem força pelo discurso que fez na ONU.
Não é a toa que a Veja fez uma matéria com a esposa do Temer logo depois da votação. Uma mulher cis, heterossexual, branca, magra, loira, jovem dentro dos padrões dominantes de estética como contraponto a uma mulher de quase 70 anos (?), que é chamada de gorda, de velha, de sapatao. A Dilma ocupa o cargo mais público possível, de chefe de Estado e a esposa do Temer, que deve ser modelo pras mulheres brasileiras? Ela é "do lar". O debate de que mulheres devem estar no ambiente doméstico e os homens na vida pública (portanto política) é levantado historicamente pelas feministas. Dilma seria atacada e perseguida dessa forma se não fosse mulher? Se não fosse uma mulher "feia, ousada e do público"?
Não tem nada errado em ser "recatada e do lar" (belas somos todas), mas o que a gte não pode perder de vista é que ser recatada e do lar é o espaço que a sociedade quer que ocupemos. Se estamos nas ruas gritando por direitos, se estamos denunciando as violências do Estado, a violência doméstica, os estupros e abusos cotidianos dos quais somos alvo, se estamos no mercado formal ou informal do trabalho e levantamos nossas vozes contra todas as violências simbólicas ou factuais que possamos, então pra eles não somos mulheres que "se deem valor" e podemos, inclusive devemos ser violentadas (pra gente tomar jeito e pra gente se colocar no nosso ~devido lugar~ de submissão).
Mas o nosso valor quem dá somos nós mesmas. Podem chorar e se espernear, nos massacram e violentam todo dia, mas não vamos ficar caladas. Nunca estivemos caladas, nossos gritos serão cada vez mais altos.

#ForaTemer
[Originalmente publicado em: https://www.facebook.com/heloisamelino/posts/10206115946368188 ]

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